quinta-feira, 8 de março de 2012

Abrigo ajuda vítimas de violência doméstica

"Construa uma casa segura. Violência doméstica é crime. Vamos ajudar as vítimas". Com essas palavras (em tradução livre do sérvio), um projeto busca fundos para prestar auxílio a mulheres e crianças vítimas de violência doméstica, problema crônico da sociedade sérvia.



Trata-se da Sigurna kuća (Safe House, em inglês), que começou como uma campanha lançada em 2006 pela RTV B92, um dos maiores grupos de comunicação dos Bálcãs.  A meta inicial era arrecadar fundos para já no ano seguinte iniciar a construção de um abrigo na capital, Belgrado, para vítimas de violência doméstica.

Mesmo com a situação econômica adversa nos últimos anos, a iniciativa se expandiu e já soma 24 unidades espalhadas pela Sérvia. A mais recente delas foi inaugurada em fevereiro deste ano em Sombor, norte do país, em um antigo complexo hoteleiro.

 "Acabar com a violência contra a mulher e as crianças" – tradução livre do sérvio

As unidades que integram a rede são independentes entre si e são gerenciadas por ONGs ou centros de bem estar social, com apoio dos governos locais. Dentre os trabalhos desenvolvidos pela Sigurna kuća estão alojamento e alimentação às vítimas, assistência emocional e jurídica e capacitação profissional.

Apesar da grandeza da iniciativa, a tarefa diante da organização é digna de Hércules. A pesquisa mais recente sobre o tema é de 2006, mas traz números alarmantes: nada menos que 82,7% das mulheres sérvias já sofreram algum tipo de violência – seja ela física, psicológica ou mesmo social. 

E mesmo sendo tão grave, o crescimento da atenção dada ao problema é um fenômeno relativamente recente. A primeira lei criminal sérvia que tratava – e reconhecia a existência – da violência contra a mulher data de 2002.

As raízes para tal problema estão na própria sociedade sérvia. A tradição patriarcal, muito comum em países do Leste, aliada à forte crise econômica e às guerras que afetaram durante a sociedade nos anos 1990, deixam o terreno propício para práticas de submissão feminina.

Apesar de parabenizada por avanços sociais, políticos e econômicos, a Sérvia terá pela frente uma série de outros pré-requisitos a preencher como candidata oficial a ingressar na União Europeia. E um deles vem bem a calhar para o dia de hoje, dedicado às mulheres de todo o mundo: o combate sistemático à violência contra o sexo feminino, dentro e fora do lar. E para isso são necessárias muitas outras iniciativas para se somarem à rede Sigurna kuća. 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Com "voto carrossel", Putin vence na Rússia

Com as palavras "Vencemos! Ganhamos uma luta aberta e limpa", Vladimir Putin comemorou a vitória nas eleições presidenciais da Rússia antes mesmo do fim da apuração. Para a oposição, no entanto, sobram sujeiras e aspectos podres no triunfo do atual premiê, eleito para um terceiro mandato. Mas o futuro do ex-espião novamente à frente do Kremlin promete não ser dos mais fácies.

Os resultados oficiais apontam quem Putin recebeu cerca de 64% dos votos no pleito. O atual premiê saúda a eleição como "limpa", mas a oposição denuncia existência de fraudes, comuns no precário sistema de votação russo. Também há a pressão internacional, em especial da União Europeia, que pede explicações sobre as denúncias de ilegalidades.

A principal e mais comum delas é o chamado "voto carrossel", no qual uma mesma pessoa vota várias vezes em diferentes sessões – os russos não são obrigados a votar na sessão na qual estão cadastrados. Como o sistema não é informatizado, é difícil controlar a prática. Oposicionistas citam que o "voto carrossel" nesta eleição foi muito maior que na última eleição legislativa, ocorrida em dezembro passado.

Mas Putin, apesar da suposta larga margem sobre a concorrência, terá problemas pela frente. Um deles está na própria capital, Moscou, onde alcançou apenas um terço dos votos obtidos por Medvedev na eleição presidencial anterior. É lá também que acontecem os maiores protestos contra o atual governo, pedindo maior liberdade de imprensa, democracia, entre outras reivindicações. Especialistas citam tais manifestações como um “despertar” da sociedade civil russa, após cerca de uma década de dormência.

Mesmo com as denúncias de fraude, Vladimir Putin foi eleito para um terceiro mandato na presidência da Rússia, como já era previsto por pesquisas de opinião. Incluindo o atual período como primeiro-ministro do governo Medvedev , de quem é mentor e padrinho político, o ex-espião da KGB pode completar ao todo 24 anos no poder. Agora se ele de fato vai conseguir já é uma outra história. E a sociedade russa cada vez mais dá sinais de que não está disposta a aceitar uma espécie de neoczar como Putin no poder.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Enfim, Sérvia dá um passo em direção à UE

A última cúpula da União Europeia, iniciada hoje, mostrou uma panorama de como andam as negociações para ingresso de novos países no bloco. O destaque da vez coube à Sérvia que, enfim, conseguiu o status de candidata formal a entrar na UE.

As negociações se arrastavam desde 2009 e ainda contaram com acordos de última hora com o Kosovo e a Romênia, que exigia de Belgrado o reconhecimento de direitos aos valáquios – falantes de língua romena – que vivem na Sérvia.  

Mas se o caminho para tal foi longo e tortuoso, os próximos passos prometem ser tão difícies quanto os anteriores. Obstáculos e questões pendentes dentro e fora do país continuam no caminho da Sérvia. O Kosovo continua entre eles, já que o acordo mais recente entre Belgrado e Pristina não significou o reconhecimento da independência da antiga província, mas a permissão de que o Kosovo possa firmar tratados internacionais de forma autônoma.

O nome Kosovo, no entanto, deverá ser seguido de uma observação sobre a declaração de independência unilateral e que ainda não goza de pleno reconhecimento internacional. E a Sérvia ainda exigiu a lembrança da resolução do Conselho de Segurança da ONU, de 1999, que reconheceu o Kosovo como parte da Sérvia.

Um outro grande obstáculo está dentro do próprio país, o ceticismo de parte da sociedade em relação à UE. Pesquisas de opinião recentes mostram que quase metade da população votaria contra o ingresso no bloco europeu. O principal representante político dessa posição é o Partido Democrático da Sérvia, liderado pelo ex-premiê Vojislav Kostunica, cujo slogan é “A Europa nos prejudica”.

Mas depois de anos sendo considerado praticante uma “ovelha negra” da Europa, é notável tanto o esforço dos últimos governos sérvios em tentar colocar o país em contato com a UE quanto à decisão dos países do bloco de conceder à ex-república iugoslava o status de candidata ao bloco. Apesar da crise econômica que tanto Belgrado como Bruxelas enfrentam, a sensação é de que a tarefa será menos árdua se ambos a enfrentarem juntos.