quinta-feira, 12 de abril de 2012

Livro conta parte da imigração do leste para o Brasil

A história da imigração de povos do centro e leste da Europa para o Brasil ainda é pouco conhecida, se comparada com outras comunidades (espanhola, italiana, japonesa, portuguesa, sírio-libanesa, entre outras). Apesar disso, não faltam publicações a respeito do tema. E uma delas é o livro “Imigração e Revolução”, lançado em 2010 pela Edusp.

A obra é fundamentada em arquivos do Deops-SP, a antiga polícia política paulista, e analisa a vigilância da entidade sobre lituanos, poloneses e russos que chegaram ao Estado entre 1924 e 1954. A obra permite o resgate da memória dessas imigrantes no Brasil sob o viés da repressão e da resistência política.



E a vigilância das autoridades paulistas sobre tais imigrantes e suas organizações era cerrada. Os agentes elaboravam dossiês detalhados com todos os passos de cada pessoa ou organização suspeita de “subverter a ordem social”. A entidade também se aproveitava de cisões internas nas comunidades e cooptava informantes para colaborar nas investigações. A proibição de falar o idioma de origem em público, o fechamento de escolas e de associações culturais, o confisco de documentos pessoais, a prisão e o ato de expulsão de estrangeiros serviam como medidas para inibir as proposta ditas “revolucionárias” e garantir o controle social.

Outro grande problema que esses imigrantes enfrentavam era o rótulo de “russos”, “comunistas” e “subversivos” que recebiam das autoridades brasileiras, independente do país do qual eram originários. “Os próprios russos que chegaram aqui na década de 1920, por exemplo, buscavam refúgio da revolução bolchevique. Já os poloneses em São Paulo tinham organizações com distintas perspectivas políticas, do nacionalismo ao comunismo, assim como os lituanos”, explica o historiador Erick Zen, autor do livro.

Apesar de terem uma trajetória menos conhecida, Zen não crê tais comunidades sejam subestimadas nos estudos sobre imigração. “Talvez o que falte seja uma divulgação destas pesquisas, e isso vale para todos os temas e áreas. Não é muito fácil fazer uma pesquisa “sair” da academia. Por outro lado, é preciso considerar que muitos trabalhos não vão a fundo às questões e organizações políticas e isso creio que falta mesmo para os grupos maiores”, pondera.

2 comentários:

Brigadas Internacionais disse...

Conheci seu blog quando pesquisava informações sobre a Eyropa Oriental e esta onda de xenofobia. Excelente, continuarei acompanhando. Abç!

Brigadas Internacionais disse...

Conheci seu blog quando comentava sobre o assunto de racismo na Europa Oriental, gostei muito trouxe informações adicionais. Vou acompanha-lo com mais afinco. Abç