segunda-feira, 28 de março de 2011

A "guerra fria" esquecida na Europa

Os problemas na região do Cáucaso não se limitam às questões envolvendo a Rússia e as repúblicas separatistas do Daguestão e Tchetchênia. Um pouco mais ao sul cresce a tensão entre Armênia e Azerbaijão pelo controle do território de Nagorno-Karabakh, que se arrasta desde o final dos anos 1980.

Oficialmente a região pertence à nação azeri (da qual corresponde a 16% do território), mas na prática é controlada por rebeldes armênios (maioria étnica no local) que sustentam um governo separatista reconhecido apenas por Yerevan. Logo após se desligarem da União Soviética, em 1991, Yerevan e Baku entraram em guerra pela posse de Nagorno-Karabakh. O conflito teve cerca de 20 mil mortos e foi encerrado em 1994, após mediação da Rússia.



Desde então Armênia e Azerbaijão têm participado de conversas de paz, mediadas pela Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). Atualmente o que existe é uma espécie de “guerra fria”, na qual os dois lados mantêm tropas na linha de cessar-fogo.

Esse congelamento, no entanto, pode estar com os dias contados. O International Crisis Group relata aumento da tensão na fronteira nos últimos meses, com corrida armamentista e violações mútuas do acordo de cessar-fogo que mataram 25 pessoas em 2010 e já fizeram outras três vítimas neste ano. Ao mesmo tempo, as negociações sobre Nagorno-Karabakh parecem ter chegado a um beco sem saída, devido à resistência dos dois lados em fazer concessões.

Outro fator perigoso é a situação interna de cada um. Tanto a Armênia como o Azerbaijão apresentam problemas quanto à liberdade de imprensa, direitos humanos, democracia, que são relegados a segundo palno pela disputa por Karabakh. A crise que atingiu o mundo em 2008 também ajuda a agravar as dificuldades econômicas vividas por Yerevan e Baku.

Dois países exercem grande influência sobre o conflito. Um deles é a Rússia, interessada em manter a influência na região e que se apresenta tanto como mediadora quanto financiadora, fornecendo armas para os dois lados. O outro é a Turquia, dada à proximidade cultural com os azeris e as rusgas históricas com os armênios. Mas especialistas cobram uma atuação mais firme da OSCE e da União Europeia (UE) frente à questão e acreditam que apenas a intervenção dessas duas organizações pode evitar uma nova guerra.

terça-feira, 22 de março de 2011

Bósnia é ameaçada de expulsão pela Uefa

A divisão peculiar do poder na Bósnia (para não dizer esquizofrênica) não traz problemas apenas no âmbito político e burocrático no país. Também virou uma ameaça em assuntos esportivos.


A Uefa, entidade que organiza o futebol no continente europeu, ameaça expulsar a Bósnia da organização, que deseja o fim do regime de três presidentes na federação bósnia.

A exemplo do que ocorre no sistema político do país, os dirigentes da organização são escolhidos por critério étnico: há um presidente sérvio, outro croata e um terceiro muçulmano que se revezam no poder. A Uefa exige que seja apenas um comandante, eleito por critérios técnicos. Outros alertas foram feitos pela entidade durante o ano passado, e agora veio o que parece ser o ultimato.

Se a suspensão for realmente aplicada, a seleção da Bósnia não poderá disputar jogos internacionais, e os times bósnios também estarão proibidos de jogar torneios europeus entre clubes. E com isso acabar com um bom momento vivido pelo futebol do país. Ficou muito perto de uma vaga na Copa do Mundo de 2010, ao ser derrotada na fase de repescagem por Portugal. Entre os jogadores bósnios, o de maior expressão atualmente é o atacante Edin Džeko, que saiu recentemente do Wolfsburg (Alemanha) para o Manchester City (Inglaterra) em uma transação de 32 milhões de euros.

Apesar de a ameaça da Uefa ser exagerada, minha aposta é de que a Bósnia, de uma forma ou de outra, atenderá à entidade europeia. Mas se já era difícil agradar a sérvios, croatas e muçulmanos, agora a Bósnia também precisa agradar à Uefa, Fifa...