terça-feira, 30 de novembro de 2010

Diretor quer mudar imagem criada por Borat do Cazaquistão

A ex-república soviética do Cazaquistão ficou célebre no mundo em 2006 com a exibição nos cinemas do filme humorístico “Borat”, do britânico Sacha Baron Cohen. A imagem que ganhou o mundo, no entanto, não foi das mais favoráveis ao país, retratado de forma sarcástica no longa como um lugar atrasado. O longa do humorista inclusive, teve a exibição vetada no país asiático.

Para tentar mudar essa distorção o cineasta local Erkin Rakishev anuncia que fará uma continuação do longa de Cohen, intitulado “My brother, Borat”. Na nova história, um jornalista americano chamado John vai ao Cazaquistão após assistir ao famigerado “Borat”. Lá, conhece Bilo, irmão do repórter vivido por Sacha, que o leva a conhecer o verdadeiro país.

"Todo cazaque que vai ao Ocidente sente desconforto ao dizer de onde vem porque os ocidentais associam o país ao filme Borat", disse Rakishev à BBC. Queremos que o público ocidental assista (ao novo filme) e tenha uma melhor compreensão de como é o Cazaquistão na realidade", completa. A matéria completa da BBC Brasil sobre o assunto pode ser lida aqui.

O filme de Rakshev, no entanto, também aposta em cenas satíricas, algumas até polêmicas. Em uma delas, Bilo é estuprado por um jumento e, em outra, uma mulher idosa é vista batendo nos dois personagens principais com uma vareta.

A previsão é que o novo longa seja lançado no país em 2011

O Cazaquistão, país de maioria muçulmana, ocupa a 66ª posição no IDH e tem sua economia baseada sobretudo em reservas de petróleo e gás natural. É governado com mão de ferro desde 1991 por Nursultan Nazarbayev, aliado de Moscou, e é conhecido por perseguir opositores.

Esse lado mais obscuro do real Cazaquistão provavelmente não será confrontado pelo filme de Erkin Rakishev.

*Postagem número 100 deste blog

domingo, 21 de novembro de 2010

Vukovar, uma versão croata de Srebrenica

Se o dia 11 de julho de 1995 é lembrado com pesar pelos bósnios devido ao massacre em Srebrenica, a Croácia tem sentimento semelhante quanto ao dia 18 de novembro de 1991. Naquele dia, a pequena cidade de Vukovar, próxima à fronteira com a atual Sérvia, sucumbiu a um cerco formado por tropas sérvias que durou três meses. Cerca de 200 pessoas morreram na ação.


O episódio foi um dos mais críticos da guerra de independência da Croácia, iniciada em 1991 e encerrada oficialmente somente com o acordo de paz de Dayton, em novembro de 1995.



Claro, a dimensão do cerco e ataque a Vukovar foi menor do que o ocorrido quatro anos depois na Bósnia, mas foi o suficiente para, na época, a Comunidade Europeia (atual UE) adotar sanções contra a Sérvia.
A pequena cidade croata hoje conta com apenas cem habitantes. No bairro de Ovcara, onde foram encontradas valas comuns com pelo menos 264 corpos, foi erguido um memorial às vítimas do cerco.



O presidente sérvio, Boris Tadic, foi o primeiro governante do país a visitar o memorial, no último dia 4 de novembro. Na ocasião, pediu desculpas pelo ataque, que matou quase 200 civis e prisioneiros de guerra croatas.

O gesto histórico de Tadic, o primeiro governante sérvio a visitar Vukovar, é de fato um importante passo em direção à reconciliação entre os dois povos. Ambos sonham com o ingresso no UE – até agora só a Eslovênia já chegou lá, entre as ex-repúblicas iugoslavas – e alimentar as rusgas entre os dois países seria ruim para ambos.

As diferenças, contudo, ainda são fortes e com profundas raízes dos dois lados. Por exemplo, nunca é demais lembrar que, na Sérvia, chamar alguém de “croata” é uma grave ofensa.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sérvia oferece 10 milhões de euros por acusado de genocídio

Dez milhões de euros. É o que oferece o governo sérvio pela captura do general sérvio-bósnio Ratko Mladic, acusado de crimes de guerra durante a Guerra da Bósnia, entre 1992 e 1995. Foi ele quem comandou o massacre à pequena cidade de Srebrenica ,em 11 de julho de 1995, no qual cerca de 8 mil pessoas foram mortas.


Foragido desde o fim do conflito, o paradeiro do militar continua sendo uma incógnita. Agora com 68 anos, especula-se que estaria escondido em algum lugar da capital sérvia, Belgrado.


 
A captura de Radovan Karadzic em 2008 – ex-presidente da República Sérvia da Bósnia e também apontado como um dos responsáveis pelo massacre de Srebrenica – amenizou as críticas da comunidade internacional à Sérvia, suspeita de acobertar os fugitivos. Ao mesmo tempo, mostra que achar o general não é uma tarefa impossível, servindo como elemento para pressionar o governo a encontrar Mladic.

Apesar do aumento da recompensa – era de um milhão de euros até outubro –, o empenho de Belgrado é visto com desconfiança por parte da comunidade internacional, já que o militar é considerado um herói pelos nacionalistas sérvios – cujos ideais cativam parcela considerável do eleitorado do país..

A biografia do general traz ainda mais elementos que reforçam tal imagem: ele teve os pais mortos durante a Segunda Guerra Mundial por nacionalistas croatas – que na época eram alinhados com a Alemanha nazista. A filha mais nova do general se suicidou em 1994 – supostamente ao ver uma matéria de jornal que chamava o pai de assassino, o que teria aumentado a fúria de Mladic.

Outro impedimento seria a própria disposição da sociedade sérvia em entregar o militar. Uma pesquisa feita pela rede de televisão local B92 revela que somente 14,29% dos entrevistados revelariam informações sobre o paradeiro de Mladic, enquanto 65,14% não o fariam e outros 20,57% declararam não ter opinião formada a respeito.

Existe a pressão externa para a Sérvia achar e prender Mladic. Belgrado tem mostrado empenho, já que a captura facilitaria o ingresso do país na sonhada UE e ajudaria a desconstruir a imagem negativa criada especialmente durante a era Milosevic. Mas o apoio do qual o general goza dentro da Sérvia jogam contra esse empenho.

A novela Mladic deve ganhar mais e mais novos capítulos.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Esporte, assunto de Estado na Rússia

A exemplo dos tempos de União Soviética e Guerra Fria, o esporte é ser tratado como uma questão de Estado na Rússia. Prova disso é o empenho do Kremlin para trazer eventos de grande porte ao país e desenvolver modalidades – especialmente o futebol.


A Rússia será sede dos próximos Jogos de Inverno, em 2014, na cidade de Sochi. No mesmo ano, sediará sua primeira corrida de Fórmula 1 – já conta com o russo Vitaly Petrov, da escuderia Renault, entre os competidores. Ainda no campo da velocidade, a montadora Marussia assumiu o controle da escuderia Virgin, da qual era apenas patrocinadora.

O grande objetivo da Rússia, no entanto, é receber a Copa do Mundo de 2018. E não deve faltar dinheiro para o empreendimento, que tem orçamento disponível de US$ 30 bilhões – três vezes mais do que a previsão de investimentos para a Copa de 2014, no Brasil.

Outra frente na qual atua o futebol russo são os clubes e o campeonato local. Os times do país não economizam para trazer grandes reforços e tentar aumentar o nível do torneio nacional – torna-se, inclusive, destino já comum para jogadores brasileiros, como o meia Carlos Eduardo (Rubin Kazan) e o atacante Vagner Love (CSKA).

Grandes empresas do país são responsáveis por boa parte dos recursos recebidos pelos clubes de maior projeção atualmente nos cenários nacional e europeu –como Spartak de Moscou (Lukoil, petróleo) e Zenit (Gazprom, gás natural). Sobra dinheiro até para clubes emergentes, como o Rubin Kazan– bancado por uma empresa de diamantes – atual campeão russo e que joga a Liga dos Campeões.

O retorno já pode ser notado em campeonatos europeus, com as conquistas de CSKA e Zenit na antiga Copa da Uefa (hoje Liga Europa), em 2005 e 2009, respectivamente. Na seleção nacional, chegou às semifinais da Euro-2008, perdendo para a campeã Espanha, e ficou fora das Copas de 2006 e 2010. Com jogadores de destaque, como os atacantes Arshavin e Pavlyutchenko, e tendo parte dos recursos aplicada em divisões de base, resultados mais expressivos no futebol devem chegar a médio e longo prazo.

Na verdade, o fortalecimento da Rússia no cenário esportivo – já consolidado em modalidades como o vôlei, ginástica e esportes de inverno – por meio de recursos públicos, de empresas estatais ou privadas com boas relações junto ao Kremlin, revela uma nova frente da política externa de Moscou. Faz parte de uma estratégia já iniciada pelo então presidente Vladimir Putin de recuperar o prestígio perdido pelo país na dura transição do regime soviético para o capitalista.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Lady Gaga usa bandeira da Eslovênia em show na Croácia

A cantora Lady Gaga protagonizou uma grande gafe geográfica durante show em Zagreb, capital da Croácia, no último sábado.


Além de ter pedido aos fãs que mostrassem as genitálias – o que não pode ser considerado uma surpresa, em se tratando de Lady Gaga – ela se embrulhou depois em uma bandeira da vizinha Eslovênia.

A mídia local especula se o episódio foi mesmo um erro da cantora ou algum tipo de provocação.

A relação entre croatas e eslovenos não é das mais cordiais. Os dois países nunca guerrearam entre si, mas possuem arestas que se arrastam por anos. Atualmente a grande discussão entre croatas e eslovenos é uma disputa territorial que, para a Eslovênia, pode custar a perda do já minúsculo litoral do país.

Por outro lado, a Eslovênia é a única das antigas repúblicas iugoslavas que já faz parte da UE. A vizinha Croácia é uma das candidatas a entrar no bloco, mas o ingresso enfrenta justamente a oposição da Eslovênia.

A disputa territorial entre croatas e eslovenos rende episódios inusitados. Um deles, já relatado neste blog (clique aqui para saber mais) é a taverna Kalin, localizada exatamente na fronteira entre os dois países e com direito a uma faixa amarela dentro do estabelecimento demarcando a fronteira.