quinta-feira, 29 de abril de 2010

Ainda sem Peixe Grande, serve peixe pequeno

Enquanto o “Peixe-Grande” Ratko Mladic, comandante das tropas sérvio-bósnias do massacre de Srebrenica (Bósnia) não aparece, peixes menores vão caindo na rede mundo afora.

O mais recente capturado é o ex-soldado sérvio-bósnio Marko Boskic, 46. Ele foi preso nos EUA por mentir sobre seu engajamento militar durante a guerra na Bósnia entre 1992 e 1995 e agora foi extraditado para a Bósnia, onde deve se juntar a outros que estão sendo julgados pelos crimes cometidos durante a Guerra da Bósnia.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Mais um capturado

Ainda não foi Ratko Mladic, mas outro suposto envolvido no massacre de Srebrenica foi capturado. Trata-se do esloveno Franc Kos, detido em um ônibus na cidade croata de Osijek, quando tentava deixar o país rumo à Sérvia.

Kos é considerado membro de uma unidade especial das forças servo-bósnias que executaram mais de 8.000 homens e garotos bósnios após a ocupação de Srebrenica, em julho de 1995.

A Procuradoria da Bósnia já anunciou que pedirá a extradição de Kos, que também tem passaporte bósnio.

terça-feira, 20 de abril de 2010

A nova investida da Turquia na Europa

Boa parte da história turca está relacionada com os Bálcãs. Basta lembrar que esta região da Europa esteve sob domínio otomano por mais de 400 anos. Hoje ainda permanece com um pedaço de território em solo europeu, do tamanho do estado de Sergipe, onde está parte da antiga cidade de Constantinopla – rebatizada de Istambul após a queda do Império Bizantino, em 1453. Essa peculiaridade faz da cidade de Istambul a única no mundo a estar em dois continentes ao mesmo tempo.

Por isso, chama a atenção a entrevista do chanceler turco, Ahmet Davutoglu, ao jornal “Folha de S. Paulo”. O foco principal é o papel de mediador ao qual o país se propõe assumir em relação ao vizinho Irã. Mas também revela que o país pretende usar sua localização estratégica no globo para aumentar sua influência, seja no Oriente Médio, seja nos Bálcãs – duas regiões nas quais o antigo Império Otomano deteve a supremacia por séculos.

Eis alguns trechos da entrevista que o chanceler turco, durante visita a Brasília, concedeu ao jornal:

“O Brasil é líder de processos regionais na América Latina, e a Turquia tem esse papel no Oriente Médio, nos Bálcãs e na Ásia Central.”

"Recentemente, ajudamos a promover a abertura do diálogo entre a Bósnia e a Sérvia, que já levou à normalização da relação bilateral, com a nomeação de um embaixador bósnio em Belgrado. Posso dar muitos outros exemplos.”

“Nosso objetivo estratégico é nos tornarmos membros da UE, e esse processo vai continuar. Ao mesmo tempo, a Turquia quer estar ativamente envolvida em todos os processos nas regiões vizinhas, do Oriente Médio aos Bálcãs, numa política que chamamos de problema zero e integração máxima com a vizinhança. Na verdade, é uma política compatível com os valores europeus.”


Uma das perguntas feitas pela Folha merece destaque. Ela questiona o chanceler turco acerca das pretensões do país, como se houvesse a intenção de reviver o Império Otomano:

FOLHA - Há entre alguns líderes árabes a desconfiança de que a Turquia estaria tentando reviver o Império Otomano. Como o senhor responde a essas suspeitas?
DAVUTOGLU - A Turquia respeita todos os países que foram parte do território otomano no passado. Somos Estados iguais, não queremos dominar nenhum deles nem a região. Mas, por causa da história comum, temos certas responsabilidades. Por exemplo, quando houve a guerra na Bósnia, em 1993, e milhares de bósnios foram mortos, milhares de mulheres bósnias foram estupradas, os bósnios pediram ajuda a nós, viram na Turquia um lugar de refúgio.
O mesmo aconteceu em Kosovo, na Tchetchênia. Quando os curdos foram perseguidos por Saddam [Hussein] no Iraque, mais de 195 mil vieram para a Turquia. Por quê? Porque acham que podemos ajudá-los a resolver seus problemas. Essas comunidades consideram que temos responsabilidades especiais, e estamos tentando dar conta delas. Tentamos criar ordem à nossa volta, não dominar nenhum país ou região.


A entrevista completa pode ser lida no link abaixo:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u723068.shtml

domingo, 18 de abril de 2010

Nova fase no júri de Kardzic

O julgamento do ex-líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic no Tribunal Penal Internacional de Haia (Holanda) entrou em uma nova fase na última terça-feira (13).

O ex-presidente da autoproclamada República Sérvia da Bósnia, que assumiu sua própria defesa, é confrontado com testemunhas de acusação. A primeira delas, o muçulmano bósnio Ahmet Zulic, disse aos juízes que os sérvios queimaram seu sogro vivo durante a brutal tomada de sua vila no começo da guerra na Bósnia, em 1992. O depoimento durou cerca de 90 minutos e Karadzic chamou de “tendencioso” o testemunho.

Caso seja condenado, Karadzic pode pegar prisão perpétua.

Palpite: o veredicto de Karadzic deve sair antes de 11 de julho, dia que marca o aniversário do massacre de Srebrenica. Mais um elemento que deve ajudar a comunidade internacional a – pelo menos tentar, mesm0 que tardiamente – acertar as contas com o povo bósnio.

sábado, 3 de abril de 2010

Antes tarde do que nunca

Em resolução histórica, o Parlamento sérvio aprovou, no último dia 31/03, a condenação oficial do país ao massacre de Srebrenica (Bósnia), ocorrido em 11 de julho de 1995, quando tropas sérvio-bósnias mataram 8 mil bósnios muçulmanos.

O texto, aprovado por 127 dos 173 deputados, se solidariza com as famílias das vítimas e pede desculpas "por não ter sido feito todo o possível para evitar a tragédia".

Se for pela filosofia “Antes tarde do que nunca”, é um grande avanço. Mas não deixa de ser tardio.

É também mais um recado do governo sérvio à UE, mostrando sua disposição em integrar-se ao universo europeu e tentar ao máximo se redimir do peso histórico vindo das guerras nos Bálcãs da década de 1990. E também aos criminosos de guerra ainda soltos (diga-se Ratko Mladic).

Mais detalhes, acesse o texto da Deutsche Welle sobre o assunto:

http://www.dw-world.de/dw/article/0,,5415750,00.html?maca=bra-newsletter_br_Destaques-2362-html-nl

Apenas o Kosovo permanece como pauta inegociável nas relações internacionais da Sérvia. Por quanto tempo, isso não se sabe.