sexta-feira, 22 de maio de 2009

Moldávia e o suposto assédio da Romênia

Aí vai mais uma das diversas brigas e disputas que existem nos Bálcãs: a relação turbulenta entre Moldávia (Moldova para alguns) e a vizinha Romênia.

As autoridades da ex-república soviética acusam os romenos de tentarem mais de uma vez falarem que a absorção da Moldávia pela Romênia é algo “inevitável”. Para piorar um pouco mais as relações entre os dois vizinhos, o embaixador romeno foi considerado persona non grata na Moldávia.

De fato, grande porção do território que hoje forma a Moldávia está na região da Bessarábia, que já esteve em parte sob poder romeno entre 1919 e 1940. Nessa época a Romênia acabou beneficiada pelas novas fronteiras europeias após a Primeira Guerra Mundial e incorporou parte da Bessarábia, que era território russo. Com o acordo entre Hitler e Stalin, essa região foi anexada pela União Soviética em 1940 e só se tornou independente em 1991 com a derrocada do império soviético. Sua capital é Chişinău (foto abaixo).



Na Moldávia fala-se tanto o russo como o romeno, e há uma forte ligação cultural com os dois principais vizinhos. A bandeira nacional tem as mesmas cores da Romênia. É um país essencialmente agrário, depende muito da rússia – assim como a grande maioria das ex-repúblicas soviéticas – e tem o pior IDH (índice de Desenvolvimento Humano) da Europa (0,708 em 2007). O país não possui litoral, apesar da proximidade com o Mar Negro, e está espremido entre a Romênia e a Ucrânia.

Talvez essa relação com a Rússia possa ajudar a Moldávia a resistir ao suposto assédio romeno. Ao mesmo tempo um eventual crescimento da Romênia – na UE desde 2007 – também poderia servir de argumento para “desenvolver” a Moldávia por meio da união com os romenos. Mas o mais provável é que, com ou sem assédio, Moldova continue independente (tecnicamente falando, com governo, leis e conomia próprias), mesmo que com forte dependência da Rússia.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Vitória para o futebol da Ucrânia

Apesar de terem uma grande desvantagem em relação a outros times da Europa, os clubes de países do Leste Europeu de tempos em tempos conseguem armar algumas surpresas e se destacar nos torneios continentais. Uma delas aconteceu na noite de ontem.

O Shakhtar Donnetsk (Ucrânia) venceu o Werder Bremen (Alemanha) por 2 a 1 e conquistou o título da Copa da Uefa. É a primeira vez que um clube de uma ex-república soviética consegue triunfar em um torneio continental – O CSKA Moscow, da Rússia, já havia vencido a competição uma vez, em 2005.

Claro, a Copa da Uefa – que passará a ser chamada de Liga Europa em sua próxima edição – não tem a mesma pompa que a Liga dos Campeões da Europa, que rende vaga no Mundial de Clubes da Fifa e reúne as melhores equipes do continente. Nesse torneio, o último vencedor vindo do Leste foi o Estrela Vermelha de Belgrado (então Iugoslávia, hoje Sérvia) em 1990. Mas a conquista do time ucraniano não deixa de ser um grande feito para o futebol desse país, que participou da Copa do Mundo de 2006 e ficou entre as oito melhores seleções da competição. E também para o clube, que assim já consegue alcançar uma certa projeção dentro do cenário europeu.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Eslovênia é o país com melhor qualidade de vida dos Bálcãs

Pesquisa feita pela revista International Living e divulgada pelo Balkan Insight aponta a Eslovênia como o país de melhor qualidade de vida dos Bálcãs. Na classificação geral do planeta, ficou em 29º lugar, pouco à frente da segunda colocada da região, a Grécia, em 38º.

Os demais países aparecem em posições bem inferiores: Bulgária (42º), Croácia (51º), Romênia (64º), Turquia (65º) e Albânia (66º). Na lanterna dos Bálcãs, aparecem Macedônia (70º), Bósnia (78º) e Sérvia (79º). Os dois mais jovens países da região, Montenegro e Kosovo, não foram avaliados. Abaixo, foto da capital eslovena, Ljubjiana.


Certamente a boa colocação de Eslovênia e Grécia nesse rnking se deve ao fato de pertencerem à União Européia, sonho da grande maioria dos governantes balcânicos. A Eslovênia tem a seu favor também o fato de ser a primeira república a se separar da Iugoslávia e a que menos sofreu com os efeitos das guerras que varreram a região nos anos seguintes. O satisfatório padrão de vida que manteve após sua independência certamente influenciou para que o pequeno país conseguisse ingressar na UE em 2004, com maior facilidade de se integrar ao resto do continente do que seus vizinhos.

A lista deve servir como um argumento a mais de que somente a inclusão de todos os países do continente vai corrigir as disparidades existentes entre o Leste e o Oeste da Europa.

Mas no que depender dos governantes de Eslovênia e Grécia, alguns de seus vizinhos terão dificuldades para ingressar no bloco. É o caso da Croácia, por causa de disputas territoriais com a Eslovênia; e da Macedônia, que enfrenta grande resistência da Grécia, que não aceita que o vizinho tenha tal nome como oficial, sob pretexto de que pertenceria à história grega.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Lago Vernica

Um lago localizado na fronteira entre Kosovo e a Albânia é considerado pelas autoridades locais um “portal da criminalidade”. É o Lago Vernica, por onde passariam, segundo análise do Balkan Insight, armas, drogas e peças de carros roubados de um país para o outro. E que devido à fragilidade da fiscalização no local, também poderia servir como ponto de atuação de grupos terroristas.


O tráfico acontece durante a noite, por meio de botes que transportam a mercadoria. De carro, seguem para a cidade de Prizren, de onde são distribuídas para seus destinos. As autoridades locais dizem que controlam a região do lago durante o dia, mas que não têm à disposição equipamentos suficientes para fazer o mesmo serviço no período noturno.


Um policial da área diz que o tráfico por meio do Lago Vernica não é uma exclusividade local. “Todos nós sabemos que o tráfego acontece livremente, mas isso está acontecendo em todo o Kosovo. Não é apenas uma falha da polícia, mas também das autoridades”. Em outro lago do Kosovo, o Gazivode (na fronteira com a Sérvia), a situação é semelhante, relata a matéria do Balkan Insight.

Em um país que ainda tenta ser visto como Estado pela comunidade internacional, com alto índice de desemprego e péssimos indicadores econômicos, são atividades como essas que acabam movimentando a frágil economia local. Um problema a mais para as autoridades locais e internacionais que atuam sobre o Kosovo – e não são poucas – resolverem.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Chacotas entre uns, animosidade entre outros

Recentemente falei sobre um bar situado entre a Croácia e a Eslovênia que refletia uma disputa territorial entre os dois países. A disputa agora está sob mediação da UE - onde, aliás, a Croácia deseja entrar, a contragosto de sua vizinha Eslovênia, que já chegou a sr até mesmo presidente do bloco.

Enquanto as discussões territoriais estão quentes no meio político, o mesmo não se pode dizer no âmbito popular. É inegável a existência de rivalidades entre os povos da antiga Iugoslávia, mas nm sempre é a animosidade entre eles que dá o tom da relação. Entre croatas e eslovenos mesmo, clima é muito mais de chacotas mútuas do que um nacionalismo exacerbado.

Leonarod Glavina, meu amigo que mora em Viena (Áustria) mas que vai com frequência a Zagreb, capital croata, é que traz um pouco desse lado. “Entre a população neo tem conflito mesmo, só piadas e discussões das duas partes. Mas nada que vá para a violência”. Algo até parecido com a relação existente entre brasileiros e argentinos, que só esquenta de verdade nos campos de futebol.

No entanto, essa “disputa” ganha outros contornos, bem mais violentos e tensos, quando em lados opostos estão sérvios e kosovares. Nesse caso não tem brincadeira menhuma, e o clima na região de fronteira é péssimo, refletindo assim a atual situação entre os dois países. E as circunstâncias não indicam que esse clima tenso vá passar tão cedo.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Ele quer autonomia. Conseguirá?

O assunto já foi tratado aqui neste blog anteriormente, mas a revista alemã Der Spiegel(traduzida para o UOL) traz uma nova matéria sobre a relação entre o atual presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, e seu padrinho político, o ex-presidente, antecessor e atual premiê russo Vladimir Putin.


Não é segredo para ninguém de que é Putin quem de fato nada na Rússia, e que Medvedev seria um mero testa-de-ferro. Mas o sucessor do novo "czar" russo dá sinais de que busca colocar marcas próprias em sua gestão. Sobre isso, a matéria da Spiegel já começa bastante realista - para azar do atual presidente.

Um ano após assumir o cargo, o histórico do presidente russo Dmitri Medvedev tem sido menos do que impressionante. O primeiro-ministro Vladimir Putin ainda segura as rédeas do poder enquanto seu antigo protegido luta sem sucesso para se liberta.

Entre méritos (que existem de fato) e fracassos na gestão Medvedev, o poder real na Rússia está com Putin, que conseguiu sair de espião mediano da antiga KGB para o cargo mais alto de seu país. Medvedev até pode implementar suas prórias marcas, mas a sombra de Putin, bem ou mal, sempre vai prevalecer.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Especualção imobiliária prejudica a Albânia

Não é só no Brasil em que a especulação imobiliária traz dor de cabeça. Mesmo em países considerados fechados ela dá um jeitinho de entrar, se estabelecer e atacar.

Este é o caso da Albânia, pequeno país dos Bálcãs. O vídeo abaixo relata o problema.



A prática desestimula o turismo no país, um dos mais pobres da Europa – e um dos mais isolados economicamente, em virtude de sua história durante a guerra Fria e o regime socialista que vigorou lá até 1990 – mais informações sobre a história albanesa serão abordadas em post futuro. Banhada pelo mar Adriático, a costa albanesa tem belas praias.

Outro estímulo para resolver essa questão é o fato de a Albânia ter manifestado oficialmente o desejo de ingressar na UE nos próximos anos, tentando desta forma romper o isolamento econômico ao qual esteve submetida.