sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Sérvios e bósnios entram em confronto na Austrália

As tensões e sangrentas guerras que marcaram a separação de Croácia e Bósnia da então Iugoslávia na década de 1990 ainda encontram eco nos dias atuais. Prova disso foram os incidentes envolvendo bósnios, croatas e sérvios (outra antiga república iugoslava e país que herdou seu lugar na ONU e em outras entidades internacionais) no aberto de tênis da Austrália, um dos mais importantes do mundo. A matéria abaixo, distribuída pela agência EFE, relata o ocorrido durante uma das partidas do torneio.

http://noticias.bol.uol.com.br/esporte/2009/01/23/ult28u57520.jhtm

Os três países contam com bons atletas nesse esporte, com destaque para o sérvio Novak Djokovic, medalha de bronze em Pequim e que está entre os dez primeiros do ranking mundial da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais). Aliás, foi durante uma partida vencida por Djokovic (contra o bósnio Amer Delic) que ocorreu um dos incidentes na Austrália envolvendo torcedores dos dois países.

Confrontos entre torcedores desses países não chegam a ser uma novidade no mundo esportivo. Em 1990, quando ainda faziam parte da Iugoslávia, sérvios e croatas protagonizaram uma batalha campal no jogo entre o Estrela Vermelha (de Belgrado, Sérvia) e o Dinamo de Zagreb (croata). A briga entre esses dois povos que compunham a Iugoslávia foi considerada um prenúncio dos conflitos, maiores e mais sangrentos, que estavam por vir na região - e que culminaram com o desmembramento da Iugoslávia.

O tempo passou, mas as diferenças e o ódio mútuo continuaram. E pelo jeito ainda devem permanecer vivos por um bom tempo.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Arte da discórdia

A imagem abaixo está dando o que falar na Bulgária.


Matéria da BBC Brasil fala de uma exposição em Bruxelas, capital da Bélgica e sede da UE, mostra o país formado por latrinas turcas. A peça, de 16 metros quadrados e oito toneladas, encomendada autoridades da República Tcheca, que assumiu a Presidência rotativa da União Europeia, foi feita por David Cerny, conhecido nos meios artísticos checos por sua irreverência.

Na obra, o artista se aproveitou de esterotipos geralmente vinculados aos países da UE para representá-los. Seu objetivo era de "descobrir se a Europa consegue rir de si mesma".

Pelo menos no caso dos búlgaros, não foi bem isso que Cerny conseguiu... Sentindo-se ofendido, o governo búlgaro convocou o embaixador tcheco em Sófia, capital do país, para pedir explicações sobre a "irreverente" obra.


Outros países também receberam representações controversas na obra. A Romênia, por exemplo, é mostrada como um parque temático de Drácula; A Polônia, país de grande influência católica, é representada por um grupo de monges levantando a bandeira do arco-íris da comunidade gay.; e a Alemanha, como uma rede de estradas cuja disposição lembra --ainda que vagamente-- uma suástica quebrada (talvez a representação de maior mal gosto da exposição junto com a "latrina" búlgara.).

Pelo jeito, o tal artista desta vez foi longe demais...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Entre o gás e o átomo

A questão energética, desencadeada especialmente por causa da crise do gás na Europa tem sido um dos principais assuntos do continente. Especialmente dos países do Leste europeu, os mais afetados pelo desabastecimento.

A briga entre Rússia e Ucrânia, que não é nova, pode até ter uma trégua nos próximos dias, restabelecendo assim o fornecimento. Mas a troca de acusações continua, enquanto os europeus do leste continuam a sofrer com um dos invernos mais rigorosos dos últimos anos no continente.

Com parceiros que estão longe de inspirar confiança, alternativas já começam a ser procuradas. E uma delas é motivo de grande polêmica, já citada neste blog: a energia nuclear.

Que levanta a bola desta vez é a Eslováquia, que pretende reativar sua central nuclear devido à crise do gás, conforme noticia o site da alemã Deutsche Welle (texto em português). Mesmo sabendo da oposição da UE (grupo do qual a Eslováqua faz parte e que determinou que o país desativasse seus reatores caso realmente quisesse ingressar no bloco), os eslovacos mostram disposição em levar à frente a iniciativa.

Não será surpresa nenhuma se outras nações resolverem adotar a mesma medida - até porque outros países da UE, como Bélgica e França, são praticamente movidos energeticamente pelo átomo.

E é um debate que, com os problemas apresentados por Rússia e Ucrânia, tende a ser retomado. Além dos fatores ambientais quanto aos dejetos produzidos pelas centrais nucleares e os cuidados no manuseio do próprio material, há ainda na Europa o trauma do acidente de Chernobyl, ocorrido em abril de 1986. Se somarmos a tudo isso ainda a escassez de petróleo prevista para as próximas décadas, pode-se até dizer que a energia nuclear é um tema que, por mais espinhoso que seja, terá de deixar de ser um tabu. E o trauma de Chernobyl, superado.

Agora, o que não dá, definitivamente, é para a UE adotar pesos diferentes para a mesma medida, ao determinar a desativação de reatores nucleares dos países do Leste, enquanto no Oeste outros usufruem dessa mesma fonte de energia.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A 'tradicional' disputa pelo gás na Europa Oriental

Segundo a revista alemã Der Speigel, já viraram tradição de Ano Novo as desavenças entre Rússia e Ucrânia a respeito do fornecimento de gás ao continente europeu, grande dependente do suprimento enviado pelos russos.



Mas a tradicional disputa ganha novos contornos em 2009. Cinco países (Bulgária, Grécia, Turquia, Croácia e Macedônia) anunciaram hoje (06/01) que tiveram seus abastacimento totalmente interrompido. Áustria e Hungria também registraram drásticas reduções no fornecimento. A Rússia acusa a Ucrânia de desviar para si própria, através do gasoduto em seu território, parte do gás que deveria chegar aos demais países da Europa, além de afirmar que esta paga um valor abaixo do que deveria arcar. Já os ucranianos dizem que recebem pouco dos russos pelo papel que prepresentam na história, o de distribuidores do produto.


O caso da Bulgária é ainda pior, já que o país balcânico depende quase que inteiramente do gás russo (92% do total consumido pelo país vem da Rússia). Tudo isso durante o inverno europeu, que costuma ser bastante rigoroso e onde o gás tem papel fundamental na calefação das residências, uma das formas de enfrentar o período mais gelado do ano.


Por trás dessa queda de braço entre ucranianos e russos, que já começa a tirar o sono de outros países do continente, está um recado claro da Rússia a seu vizinho. Algo como "não coloque suas asinhas de fora porque somos maiores e mais fortes que você, e não hesitaremos em cortá-las". E a Ucrânia já deu vários sinais de que não está muito afim de andar na linha proposta por Moscou, que ainda vê a Ucrânia - a exemplo de outras ex-repúblicas soviéticas - dentro da sua esfera de influência.


A Rússia já mostrou que não costuma dar muita importância para os clamores da comunidade internacional, e dá suas demonstrações de força sem muito pudor. E também não é a primeira vez que os russos se utilizam das suas reservas de gás para objetivos que vão além das causas econômicas. Junte tudo isso com o fato de Rússia e Ucrânia terem sido duramente afetados pela atual crise financeira internacional. Ou seja, um ganho a mais com o gás faz um grande diferença para esses países. A Rússia já declarou, inclusive, que "a era do gás barato acabou".


Mesmo que o impasse se resolva logo, nada garante que ele não vá se repetir no inverno seguinte - como aliás vem acontecendo, reforçando a idéia de "tradição" que o Spiegel trouxe em sua análise. Sim, mais cedo ou mais tarde o fornecimento de gás será restabelecido para a Europa. Mas é preciso que a comunidade internacional adote uma posição mais clara a respeito do assunto, para que ele não continue a ser uma "tradição de Ano Novo". Enquanto isso, parte dos europeus vai tremer de frio.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Kosovo não tem futuro na Europa, diz presidente sérvio

Apesar de andar meio longe da mídia internacional, a questão do Kosovo continua forte nos Bálcãs. O presidente da Sérvia, Boris Tadić, não acredita que o novo país consiga sobreviver como Estado independente. Para ele, o Kosovo só irá crescer se voltar (ou continuar, na visão dos sérvios) a ser parte da Sérvia. A matéria completa pode ser lida na versão em inglês do site da B92, organização mídia considerada independente na Sérvia.

Tadic está certo quanto a falta de estrutura do Estado kosovar. Sem ajuda internacional, ele não se sustenta em pé por muito tempo. Mas há um detalhe fundamental, que é um dos grandes empecilhos para os sonhos sérvios. Os kosovares não toleram mais o governo de Belgrado e serem minoria na Sérvia. A independência do Kosovo era algo inevitável, que aconteceria de qualquer forma, a curto, médio ou longo prazo. E em fevereiro de 2007, bem ou mal, esse cenário tornou-se realidade. Inevitável e irreversível.

Está aí então mais uma difícil equação a ser resolvida pela comunidade internacional (qie ainda se encontra dividida em relação a independência kosovar) para não quebrar o já delicado equilíbrio dessa região, os Balcãs. O problema é que, provalvelmente essa questão será deixada para segundo plano, a não ser que ocorra algo excepcional por ali - um pequeno eufemismo para trágédia.