quarta-feira, 29 de julho de 2009

Novo round entre Sérvia e Kosovo

Recentemente (com direito a post neste blog) o premiê kosovar disse que a Sérvia estaria estudando reconhecer a independência de sua antiga província, que ainda não goza de plena aceitação internacional.

Em entrevista à BBC, o chanceler sérvio Vuc Jeremic refutou qualquer possibilidade desse reconehcimento acontecer por parte da Sérvia, mas que Belgrado está sendo “flexível” sobre a questão.

http://www.balkaninsight.com/en/main/news/21390/

Mas, a julgar pela demora sérvia em refutar as declarações do premiê kosovar, essa flexibilização de Belgrado pode ser sintomática de que o país pode sim, num futuro, reconhecer o Kosovo. Possibilidade remota, é verdade, mas que já não chega a ser de todo impossível de acontecer.

terça-feira, 28 de julho de 2009

O muro físico caiu, mas o social permanece

Em 9 de novembro completam-se vinte anos da queda do Muro de Berlim, um dos eventos mais importantes da história contemporânea. Entre as diversas comemorações preparadas para a data, que marcou a fase final da chamada Guerra Fria e acelerou o processo de reunificação da Alemanha, o ceticismo e a descrença parecem ser maioria nas análises e reportagens feitas sobre Berlim, o Muro e a Alemanha em si. Especialmente as análises feitas pela própria imprensa alemã.



A Der Spiegel, respeitado semanário alemão, tem enfocado bastante o descontetamento dos antigos alemães orientais com os rumos que país unificado tomou e a influência sobre seu cotidiano. Uma prova nada animadora desse sentimento é uma matéria da Spiegel apontando que 57% dos alemães do Leste dizem preferir o antigo regime comunista do que o atual.

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/derspiegel/2009/07/05/ult2682u1224.jhtm

A Deutsche Welle – chamada vulgarmente como a “BBC alemã” – também traz outro dado pouco animador do lado leste da Alemanha, tratando do aumento em 40% da xenofobia nos Estados do antigo lado comunista.

http://www.dw-world.de/dw/article/0,,4504494,00.html?maca=bra-newsletter_br_Destaques-2362-html-nl

Vinte anos não são sificientes para corrigir as discrepâncias sócio-politico-econômicas causadas por décadas de separação e regimes de governo distintos. Apesar de toda a euforia que existia com a reunificação, era claro que a tarefa seria árdua e longa. Mas vinte anos são suficientes para constatar se houve avanços nesse processo. E a maioria das análises dá conta de que o ritmo desses avanços foi menor que o esperado, frustrando a uns e irritando a outros.

O Muro caiu fisicamente, mas o social ainda permanece em pé.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Não esqueçamos o assassinato de Natalia Estemirova!

É com esse título que artigo do filósofo André Glucksmann no jornal francês Le Monde fala do assassinato da ativista russa Natalia Estemirova, na semana passada. Natalia foi morta a tiros perto de sua casa em Grozni, Chechênia.


O artigo pode ser lido (traduzido para o português pelo UOL) no link abaixo:

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lemonde/2009/07/23/ult580u3829.jhtm

Assim, Natalia se soma a outros que morreram e que exerciam alguma tipo de atividade que incomodava que estava no poder na Rússia ou algum de seus aliados: Anna Politkovskaia, Stanislav Markelov, Anastasia Barburova, Alexandre Litvinenko. Os crimes que levaram às suas mortes permanecem ainda sem solução - e não parece haver lá muita vontade política para tanto.

O artigo do filósofo é duro especialmente em suas acusações contra o Estado russo e a situação na Chechênia. Para ele, reina na Chechênia “uma paz puritana, mas o terror continua”.

Denunciar as mazelas políticas e sociais na Rússia é, definitivamente, uma atividade de alto risco. Lutam contra uma corrupção endêmica que permeia as estruturas de poder público e privado desde os tempos do comunismo soviético (e que ficaram muito piores com o caos pós-fim da URSS); lidam com a influência assutadora das máfias russas; e com uma sociedade que, em geral, parece não dar ouvidos a tais mazelas. Parecem pregar em um deserto.
Como nada indica que a situação vá mudar na Rússia, não será surpresa se algum outro expoente da luta pelos Direitos Humanos e/ou outro crítico ferrenho do Kremlin aparecer morto em breve. Infelizmente...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Sérvia pensando em reconhecer o Kosovo?

Sérvia reconhecendo o Kosovo? Será realidade ou apenas um blefe?

Verdade ou não, é isso que declara hoje o premiê kosovar Hashim Thaci declarou hoje que Belgrado está pensando em reconhecer a independência do Kosovo. A notícia completa pode ser lida no Balkan Insight.

http://www.balkaninsight.com/en/main/news/21080/

Declarada em fevereiro de 2008, a independência do Kosovo ainda não goza de pleno reconhecimento internacional, apesar de países importantes do globo já reconhecerem o novo Estado, como Alemanha, França, Reino Unido e EUA.

Levando em conta o histórico tumultuado entre sérvios, motivos para duvidar da afirmação de Thaci não faltam. Pode ser um blefe mesmo, tentandop chamar a atenção da comunidade internacional para o Kosovo, já que a questão andou meio sumida da mídia nos últimos tempos.

Por outro lado, a Sérvia sofre com os efeitos da crise econômica global. Com a maioria dos países com peso político no mundo reconhecendo Kosovo, seguir o mesmo caminho poderia garantir aos sérvios, que já recorreram ao FMI, mais ajuda econômica para enfentar a crise. Outro fato curioso é que até o momento Belgrado não se manifestou a respeito das declarações do premiê kosovar.

Ou seja, o negócio mesmo é esperar para ver

sábado, 11 de julho de 2009

O mundo aprendeu com Srebrenica?

Há exatos 14 anos era escrita a página mais sangrenta da Europa pós-Segunda Guerra Mundial. Em 11 de julho de 1995 acontecia o que ficou conhecido como o “Massacre de Srebrenica”, na Bósnia.

Cerca de 8 mil homens muçulmanos foram assassinados depois que as tropas servo-bósnias, sob o comando do general Ratko Mladic, tomaram em 11 de julho de 1995 a cidade de Srebrenica, em um dos últimos – e mais dramáticos – episódios da Guerra da Bósnia .

As palavras do prefeito de Srebrenica, o muçulmano Osman Suljic , são categóricas ao descrever o triste episódio, mas sem perder a esperança: "Lembramos Srebrenica como uma derrota comum, mas não perdemos a luta por uma Srebrenica democrática que será o símbolo da paz e da prosperidade, de um futuro seguro e moderno".

Hoje, restos mortais de mais 534 vítimas do massacre de Srebrenica foram sepultados no centro memorial criado para relembrar o episódio.


A data não é lembrada apenas pelos bósnios. O governo de Montenegro também adotou o 11 de julho no país para lembrar o massacre, como uma forma de redimir a nação (em 1995, Montenegro ainda era parte da Iugoslávia, junto com a Sérvia).

O massacre é um símbolo de como a comunidade internacional foi impotente, na ocasião, para tratar de conflitos armados. O problema é que, pelo jeito, a essa mesma comunidade internacional ainda não aprendeu a lidar com casos semelhantes mundo afora. As lembranças seguem, as homenagens às vítimas, idem. Mas os esforços para que tal massacre não aconteça de novo, em qualquer parte do mundo, ainda são insuficientes.