quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

UE pede, e Lituânia fecha sua única usina nuclear

No retorno deste blog após meses adormecido (por falta de tempo para atualização, já que assuntos não faltam sobre o Leste europeu), um velho tema em pauta: a questão nuclear na região.

Após 26 anos de funcionamento, a usina nuclear de Ignalina, a única da Lituânia, deixa de operar. O fechamento atende a um pedido da UE, bloco econômico do qual o país faz parte desde 2004.



A usina, é do mesmo modelo de Chernobyl (Ucrânia), que explodiu em 1986 e aterrorizou a Europa. O medo de que um desastre parecido ocorra no continente continua bem presente no imaginário europeu.

Com o fechamento, a Lituânia se tornará mais dependente da energia que vem da vizinha Rússia – algo que sem dúvida não deve alegrar muito os lituanos. O preço da energia consumida no país também deve sofrer grande reajuste.

É de se esperar que a Lituânia receba algum tipo de compensação financeira ou comercial para abrir mão de sua maior fonte de energia. A usina de Ignalina já chegou a responder por 80% da energia consumida no país.

O fechamento de Ignalina pode ser um indício do que pode ocorrer com outras usinas nucleares localizadas em países do Leste Europeu – e que nem sempre estão em boas condições de operação. Mas também traz à tona uma contradição dentro da UE, já que ao mesmo tempo que países-membros do bloco são pressionados a fechar suas unidades nucleares, outros países como a França continuam a ter sua matriz energética apoiada especialmente sobre a energia nuclear.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Trabant pode voltar em 2012

Fora de linha desde 1991, o Trabant (carro-símbolo da antiga Alemanha Oriental), pode voltar às ruas em 2012. Um protótipo dessa nova cara do "Trabi" está prevista para ser apresentada durante o Salão de Frankfurt, em setembro.

O novo Trabant deve ser ecolocicamente correto, movido a energia elétrica e voltado para uso urbano. Dessa forma, busca abandonar o antigo estigma de um dos piores carros do mundo.

A iniciativa vem de um consórcio entre a empresa alemã Indikar e a francesa Herpa - que já produz miniaturas do carro desde 2007 e que fazem grande sucesso. Mas ainda faltam recursos financeiros para a continuidade do projeto – as duas empresas estão em busca de investidores.

Cerca de 3 milhões de "Trabis" foram produzidos entre 1957 e 1991 na Alemanha Oriental. Na época, o carro era produzido com uma mistura de plástico e papelão ou fibra de algodão. O carro de formato antiquado atingia no máximo 120 quilômetros por hora, tinha motor barulhento e poluente e as janelas traseiras não abriam.

Apesar do apelido pejorativo que ganhou no fim de sua existência, de "Pior carro do mundo", era motivo de orgulho na antiga Alemanha Oriental. O modelo se tornou uma espécie de símbolo cult do passado alemão e algumas unidades realizam passeios monitorados pelo país.

Até hoje cerca de 200 mil Trabants são mantidos por colecionadores e clubes de admiradores do carro pelo mundo.





quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Sangrento 1º de setembro

Em pelo menos duas ocasiões na história mundial, o 1º de setembro ficou marcado de forma sangrenta. A mais conhecida delas é começo da Segunda Guerra Mundial, quando as tropas da Alemanha nazista invadiram a Polônia, dando início ao conflito que se espalharia mais tarde pelo mundo todo.

Líderes europeus relembraram a data de hoje com homenagens e promessas de novas leituras da história daquele período. Mas as mágoas guardadas por tantos anos, somadas a orgulhos nacionalistas de cada país, tornam essa tarefa um tanto quanto mais árdua.

A Rússia e seus ex-aliados do Leste Europeu estão em atrito por causa do papel exercido em 1939 pelo então ditador soviético Josef Stalin, cujo acordo com a Alemanha nazista permitiu a invasão da Polônia e o início da guerra. Enquanto os russos se orgulham profundamente da sua vitória sobre as forças de Adolf Hitler em 1945, os poloneses, bálticos e outros dizem que Stálin também foi diretamente responsável pelo início da guerra, ao dividir a Polônia com Hitler e anexar os países bálticos.

A Polônia foi uma das grandes vítimas da guerra, perdendo 20% de sua população, com a morte de aproximadamente seis milhões de habitantes, a metade deles judeus. O país quer que Moscou se desculpe pela decisão de Stalin de matar todo um batalhão polonês em Katyn em 1940. Durante décadas, os russos atribuíram essas mortes aos nazistas, só admitindo a responsabilidade de Stalin após o fim do regime soviético.

Beslan

O 1º de setembro também teve outro significado forte para certos russos, especialmente os que vivem na república da Ossétia do Norte. A data marca também os cinco anos do massacre de Beslan, quando terroristas invadiram uma escola e fizeram mais de mil reféns ficaram três dias sem água e sem comida.

Ao final da ação, considerada a pior após os ataques de 11 de setembro, 330 pessoas morreram, a maioria delas crianças. As famílias das vítimas acreditam que as autoridades russas não estão dispostas a investigar adequadamente o ataque terrorista e clamam por justiça.

Os responsáveis pelo ataque eram na maioria tchetchenos, militantes separatistas vindos da república autônoma da Federação Russa que tem uma longa história de conflito com Moscou. Cinco anos depois, a tensão na república separatista ainda persiste. A nova geração de líderes rebeldes é descrita como ainda mais radical e bem financiada que os homens que invadiram Beslan.

Ao mesmo tempo, o governo russo e líder local da Tchetchênia Ramzan Kadyrov fazem vista grossa para as acusações de grupos de direitos humanos por sequestros e assassinatos de ativistas humanitários.

Ou seja, infelizmente não será surpresa que aconteçam novos massacres na Rússia como os de Beslan.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Bósnia: novo "buraco negro" na Europa?

O jornal britânico “The Independent” traz uma reportagem que pode servir de alerta aos Bálcãs. Segundo a publicação, a Bósnia está à beira de um novo conflito étnico, nos moldes daquele que assolou o país entre 1992 e 1995 logo após a separação da Iugoslávia.

http://www.independent.co.uk/news/world/europe/bosnia-is-back-on-the-brink-of-ethnic-conflict-warns-hague-1770638.html

Na Bósnia habitam sérvios, croatas e muçulmanos. Não existe de fato uma etnia bósnia (em geral são pessoas de origem croata ou mesmo sérvia que se converteram ao Islamismo). A divisão entre tais povos fica latente na organização política do país, dividido em duas entidades: a república Sérvia da Bósnia (República Sprska) e uma federação bósnio-croata. Além da burocracia que esse sistema causa na vida pública bósnia, é de se imaginar que a convivência entre as duas repúblicas não seja um modelo de pacifismo e colaboração mútua.

A matéria diz ainda que a Bósnia corre o risco de se tornar um novo “buraco negro” na Europa, caso não sejam tomadas pela comunidade internacional as devidas precauções. As feridas abertas por episódios como o Massacre de Srebrenica, em 1995, ainda não estão devidamente cicatrizadas. Prova disso é outra matéria, esta veiculada no portal IG

http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2007/11/11/representante_internacional_na_bosnia_adverte_para_agravamento_da_situacao_1077938.html
Fato é que a questão bósnia foi deixada de lado com o fim da sangrenta guerra de independência do país, encerrada pelo Acordo de Paz de Dayton, pouco depois de Srebrenica. Ainda existem algumas poucas tropas internacionais por lá, mas a questão em si está há muito tempo esquecida pela comunidade internacional.
O assunto principal relacionado com os Bálcãs atualmente ainda é a querela entre Sérvia e Kosovo, mas a questão bósnia não pode ser deixada de lado, especialmente por causa de sua complexidade e potencial explosivo para uma região que nunca gozou de longos períodos de estabilidade política, econômica e geopolítica.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Muito mais do que uma mera rivalidade

A transferência do atacante brasileiro Cléo, que trocou o Estrela Vermelha, da Sérvia, pelo rival Partizan, mexeu com as torcidas dos dois principais times da capital do país, Belgrado. De insultado e até ameaçado de morte pelos torcedores do antigo clube a novo xodó do time rival, o caso sintetiza bem o sentimento de amor e ódio que o esporte desperta por lá.

A rivalidade e a tensão entre as torcidas de Estrela Vermelha e Partizan faz inveja às violentas torcidas organizadas brasileiras. É considerada uma das maiores rivalidades entre dois times de uma mesma cidade no mundo (os chamados "dérbis"), segundo ranking divulgado pela rede de TV americana CNN. Torcedores do Estrela chamam os simpatizantes do Partizan de “croatas” – termo que na Sérvia soa pejorativo.

Sérvios e croatas, em verdade, não se toleram, o que fica bem claro ao lembrar os últimos conflitos entre esses dois povos – desde brigas em estádios de futebol até as guerras que desintegraram a antiga Federação Iugoslava. Os que são chamados de herois na Sérvia são considerados assassinos pelos croatas – e vice-versa.

A origem para essa ofensa está na formação do próprio time do Partizan, que é da mesma época do Estrela (1945). A diferença é que alguns dos atletas que vieram para o Partizan tinham como origem outro time, o Gradjanski Zagreb, de Zagreb (atual capital da Croácia). Partizan é também o nome do exército que libertou a Iugoslávia da dominação nazista na Segunda Guerra Mundial, sob o comanado de Josif Broz Tito – o mesmo que governou a Iugoslávia com mão de ferro entre 1945 e 1980 e conseguiu manter a colcha de retalhos que era a Federação Iugoslava com uma certa ordem e paz. Em tempo: Tito é de origem croata, para revolta dos sérvios mais exaltados.

Como pode-se perceber, a ofensa ao atacante brasileiro que teve a ousadia (inconsciente, é claro, mas não deixa de ser uma) de se transferir do Estrela Vermelha para o Partizan é apenas a ponta do iceberg de uma relação extremamente tensa existente dentro da sociedade sérvia e da região dos Bálcãs em si.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Novo round entre Sérvia e Kosovo

Recentemente (com direito a post neste blog) o premiê kosovar disse que a Sérvia estaria estudando reconhecer a independência de sua antiga província, que ainda não goza de plena aceitação internacional.

Em entrevista à BBC, o chanceler sérvio Vuc Jeremic refutou qualquer possibilidade desse reconehcimento acontecer por parte da Sérvia, mas que Belgrado está sendo “flexível” sobre a questão.

http://www.balkaninsight.com/en/main/news/21390/

Mas, a julgar pela demora sérvia em refutar as declarações do premiê kosovar, essa flexibilização de Belgrado pode ser sintomática de que o país pode sim, num futuro, reconhecer o Kosovo. Possibilidade remota, é verdade, mas que já não chega a ser de todo impossível de acontecer.

terça-feira, 28 de julho de 2009

O muro físico caiu, mas o social permanece

Em 9 de novembro completam-se vinte anos da queda do Muro de Berlim, um dos eventos mais importantes da história contemporânea. Entre as diversas comemorações preparadas para a data, que marcou a fase final da chamada Guerra Fria e acelerou o processo de reunificação da Alemanha, o ceticismo e a descrença parecem ser maioria nas análises e reportagens feitas sobre Berlim, o Muro e a Alemanha em si. Especialmente as análises feitas pela própria imprensa alemã.



A Der Spiegel, respeitado semanário alemão, tem enfocado bastante o descontetamento dos antigos alemães orientais com os rumos que país unificado tomou e a influência sobre seu cotidiano. Uma prova nada animadora desse sentimento é uma matéria da Spiegel apontando que 57% dos alemães do Leste dizem preferir o antigo regime comunista do que o atual.

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/derspiegel/2009/07/05/ult2682u1224.jhtm

A Deutsche Welle – chamada vulgarmente como a “BBC alemã” – também traz outro dado pouco animador do lado leste da Alemanha, tratando do aumento em 40% da xenofobia nos Estados do antigo lado comunista.

http://www.dw-world.de/dw/article/0,,4504494,00.html?maca=bra-newsletter_br_Destaques-2362-html-nl

Vinte anos não são sificientes para corrigir as discrepâncias sócio-politico-econômicas causadas por décadas de separação e regimes de governo distintos. Apesar de toda a euforia que existia com a reunificação, era claro que a tarefa seria árdua e longa. Mas vinte anos são suficientes para constatar se houve avanços nesse processo. E a maioria das análises dá conta de que o ritmo desses avanços foi menor que o esperado, frustrando a uns e irritando a outros.

O Muro caiu fisicamente, mas o social ainda permanece em pé.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Não esqueçamos o assassinato de Natalia Estemirova!

É com esse título que artigo do filósofo André Glucksmann no jornal francês Le Monde fala do assassinato da ativista russa Natalia Estemirova, na semana passada. Natalia foi morta a tiros perto de sua casa em Grozni, Chechênia.


O artigo pode ser lido (traduzido para o português pelo UOL) no link abaixo:

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lemonde/2009/07/23/ult580u3829.jhtm

Assim, Natalia se soma a outros que morreram e que exerciam alguma tipo de atividade que incomodava que estava no poder na Rússia ou algum de seus aliados: Anna Politkovskaia, Stanislav Markelov, Anastasia Barburova, Alexandre Litvinenko. Os crimes que levaram às suas mortes permanecem ainda sem solução - e não parece haver lá muita vontade política para tanto.

O artigo do filósofo é duro especialmente em suas acusações contra o Estado russo e a situação na Chechênia. Para ele, reina na Chechênia “uma paz puritana, mas o terror continua”.

Denunciar as mazelas políticas e sociais na Rússia é, definitivamente, uma atividade de alto risco. Lutam contra uma corrupção endêmica que permeia as estruturas de poder público e privado desde os tempos do comunismo soviético (e que ficaram muito piores com o caos pós-fim da URSS); lidam com a influência assutadora das máfias russas; e com uma sociedade que, em geral, parece não dar ouvidos a tais mazelas. Parecem pregar em um deserto.
Como nada indica que a situação vá mudar na Rússia, não será surpresa se algum outro expoente da luta pelos Direitos Humanos e/ou outro crítico ferrenho do Kremlin aparecer morto em breve. Infelizmente...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Sérvia pensando em reconhecer o Kosovo?

Sérvia reconhecendo o Kosovo? Será realidade ou apenas um blefe?

Verdade ou não, é isso que declara hoje o premiê kosovar Hashim Thaci declarou hoje que Belgrado está pensando em reconhecer a independência do Kosovo. A notícia completa pode ser lida no Balkan Insight.

http://www.balkaninsight.com/en/main/news/21080/

Declarada em fevereiro de 2008, a independência do Kosovo ainda não goza de pleno reconhecimento internacional, apesar de países importantes do globo já reconhecerem o novo Estado, como Alemanha, França, Reino Unido e EUA.

Levando em conta o histórico tumultuado entre sérvios, motivos para duvidar da afirmação de Thaci não faltam. Pode ser um blefe mesmo, tentandop chamar a atenção da comunidade internacional para o Kosovo, já que a questão andou meio sumida da mídia nos últimos tempos.

Por outro lado, a Sérvia sofre com os efeitos da crise econômica global. Com a maioria dos países com peso político no mundo reconhecendo Kosovo, seguir o mesmo caminho poderia garantir aos sérvios, que já recorreram ao FMI, mais ajuda econômica para enfentar a crise. Outro fato curioso é que até o momento Belgrado não se manifestou a respeito das declarações do premiê kosovar.

Ou seja, o negócio mesmo é esperar para ver

sábado, 11 de julho de 2009

O mundo aprendeu com Srebrenica?

Há exatos 14 anos era escrita a página mais sangrenta da Europa pós-Segunda Guerra Mundial. Em 11 de julho de 1995 acontecia o que ficou conhecido como o “Massacre de Srebrenica”, na Bósnia.

Cerca de 8 mil homens muçulmanos foram assassinados depois que as tropas servo-bósnias, sob o comando do general Ratko Mladic, tomaram em 11 de julho de 1995 a cidade de Srebrenica, em um dos últimos – e mais dramáticos – episódios da Guerra da Bósnia .

As palavras do prefeito de Srebrenica, o muçulmano Osman Suljic , são categóricas ao descrever o triste episódio, mas sem perder a esperança: "Lembramos Srebrenica como uma derrota comum, mas não perdemos a luta por uma Srebrenica democrática que será o símbolo da paz e da prosperidade, de um futuro seguro e moderno".

Hoje, restos mortais de mais 534 vítimas do massacre de Srebrenica foram sepultados no centro memorial criado para relembrar o episódio.


A data não é lembrada apenas pelos bósnios. O governo de Montenegro também adotou o 11 de julho no país para lembrar o massacre, como uma forma de redimir a nação (em 1995, Montenegro ainda era parte da Iugoslávia, junto com a Sérvia).

O massacre é um símbolo de como a comunidade internacional foi impotente, na ocasião, para tratar de conflitos armados. O problema é que, pelo jeito, a essa mesma comunidade internacional ainda não aprendeu a lidar com casos semelhantes mundo afora. As lembranças seguem, as homenagens às vítimas, idem. Mas os esforços para que tal massacre não aconteça de novo, em qualquer parte do mundo, ainda são insuficientes.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Jornalistas que instigaram crimes durante a guerra da Bósnia serão punidos

A Guerra da Bósnia segue como uma das grandes feridas abertas na região e no mundo. Passados quatorze anos do seu encerramento com o acordo de Dayton (1995), criminosos de guerra ainda fogem dos tribunais internacionais, governos tentam se eximir de culpa, e parentes ainda sentem a perda de seus entes queridos. E as questões étnicas pouco avançaram nesse tempo todo em direção a alguma solução.

Há outros pontos onde, no entanto, podem ser verificados avanços. Jornalistas e veículos de mídia que instigaram crimes de guerra durante a Guerra da Bósnia agora serão investigados pela Justiça da Sérvia, país sobre o qual recai (justa e ao mesmo tempo exageradamente) grande parte da responsabilidade sobre as atrocidades cometidas durante a Guerra, a pior ocorrida na europa após 1945. O texto com mais detalhes está no site Balkan Insight:

http://www.balkaninsight.com/en/main/news/20075/

Não se pode deixar de bater palmas para a decisão da Justiça sérvia. Em um país com tal má fama internacionalmente, acusado de acobertar - com boa dose de razão - certos criminosos de guerra (Radovan Karadzic, Ratko Mladic, entre outros), é um precedente que fica aberto para que outras decisões na mesma linha sejam tomadas.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Contra a crise, um exército de loiras

A Letônia, ex-república soviética que entrou para a UE em 2004, foi um dos países mais afetados pela crise global. Chegou até a derrubar um premiê do país.Mas eis que o país encontrou uma maneira pouco usual de enfrentar a atual crise.

Um exército de 500 loiras tomou as ruas da capital Riga para, segundo elas, botar o sorriso novamente no rosto do povo local por conta da recessão.

"As pessoas estão deprimidas, precisam de emoções positivas. Espero que o evento anime a população", disse a organizadora do evento, Marika Gederte, da Associação das Loiras da Letônia.

Pelo menos a crise não tirou a criatividade e o bom humor das pessoas.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Moldávia e o suposto assédio da Romênia

Aí vai mais uma das diversas brigas e disputas que existem nos Bálcãs: a relação turbulenta entre Moldávia (Moldova para alguns) e a vizinha Romênia.

As autoridades da ex-república soviética acusam os romenos de tentarem mais de uma vez falarem que a absorção da Moldávia pela Romênia é algo “inevitável”. Para piorar um pouco mais as relações entre os dois vizinhos, o embaixador romeno foi considerado persona non grata na Moldávia.

De fato, grande porção do território que hoje forma a Moldávia está na região da Bessarábia, que já esteve em parte sob poder romeno entre 1919 e 1940. Nessa época a Romênia acabou beneficiada pelas novas fronteiras europeias após a Primeira Guerra Mundial e incorporou parte da Bessarábia, que era território russo. Com o acordo entre Hitler e Stalin, essa região foi anexada pela União Soviética em 1940 e só se tornou independente em 1991 com a derrocada do império soviético. Sua capital é Chişinău (foto abaixo).



Na Moldávia fala-se tanto o russo como o romeno, e há uma forte ligação cultural com os dois principais vizinhos. A bandeira nacional tem as mesmas cores da Romênia. É um país essencialmente agrário, depende muito da rússia – assim como a grande maioria das ex-repúblicas soviéticas – e tem o pior IDH (índice de Desenvolvimento Humano) da Europa (0,708 em 2007). O país não possui litoral, apesar da proximidade com o Mar Negro, e está espremido entre a Romênia e a Ucrânia.

Talvez essa relação com a Rússia possa ajudar a Moldávia a resistir ao suposto assédio romeno. Ao mesmo tempo um eventual crescimento da Romênia – na UE desde 2007 – também poderia servir de argumento para “desenvolver” a Moldávia por meio da união com os romenos. Mas o mais provável é que, com ou sem assédio, Moldova continue independente (tecnicamente falando, com governo, leis e conomia próprias), mesmo que com forte dependência da Rússia.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Vitória para o futebol da Ucrânia

Apesar de terem uma grande desvantagem em relação a outros times da Europa, os clubes de países do Leste Europeu de tempos em tempos conseguem armar algumas surpresas e se destacar nos torneios continentais. Uma delas aconteceu na noite de ontem.

O Shakhtar Donnetsk (Ucrânia) venceu o Werder Bremen (Alemanha) por 2 a 1 e conquistou o título da Copa da Uefa. É a primeira vez que um clube de uma ex-república soviética consegue triunfar em um torneio continental – O CSKA Moscow, da Rússia, já havia vencido a competição uma vez, em 2005.

Claro, a Copa da Uefa – que passará a ser chamada de Liga Europa em sua próxima edição – não tem a mesma pompa que a Liga dos Campeões da Europa, que rende vaga no Mundial de Clubes da Fifa e reúne as melhores equipes do continente. Nesse torneio, o último vencedor vindo do Leste foi o Estrela Vermelha de Belgrado (então Iugoslávia, hoje Sérvia) em 1990. Mas a conquista do time ucraniano não deixa de ser um grande feito para o futebol desse país, que participou da Copa do Mundo de 2006 e ficou entre as oito melhores seleções da competição. E também para o clube, que assim já consegue alcançar uma certa projeção dentro do cenário europeu.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Eslovênia é o país com melhor qualidade de vida dos Bálcãs

Pesquisa feita pela revista International Living e divulgada pelo Balkan Insight aponta a Eslovênia como o país de melhor qualidade de vida dos Bálcãs. Na classificação geral do planeta, ficou em 29º lugar, pouco à frente da segunda colocada da região, a Grécia, em 38º.

Os demais países aparecem em posições bem inferiores: Bulgária (42º), Croácia (51º), Romênia (64º), Turquia (65º) e Albânia (66º). Na lanterna dos Bálcãs, aparecem Macedônia (70º), Bósnia (78º) e Sérvia (79º). Os dois mais jovens países da região, Montenegro e Kosovo, não foram avaliados. Abaixo, foto da capital eslovena, Ljubjiana.


Certamente a boa colocação de Eslovênia e Grécia nesse rnking se deve ao fato de pertencerem à União Européia, sonho da grande maioria dos governantes balcânicos. A Eslovênia tem a seu favor também o fato de ser a primeira república a se separar da Iugoslávia e a que menos sofreu com os efeitos das guerras que varreram a região nos anos seguintes. O satisfatório padrão de vida que manteve após sua independência certamente influenciou para que o pequeno país conseguisse ingressar na UE em 2004, com maior facilidade de se integrar ao resto do continente do que seus vizinhos.

A lista deve servir como um argumento a mais de que somente a inclusão de todos os países do continente vai corrigir as disparidades existentes entre o Leste e o Oeste da Europa.

Mas no que depender dos governantes de Eslovênia e Grécia, alguns de seus vizinhos terão dificuldades para ingressar no bloco. É o caso da Croácia, por causa de disputas territoriais com a Eslovênia; e da Macedônia, que enfrenta grande resistência da Grécia, que não aceita que o vizinho tenha tal nome como oficial, sob pretexto de que pertenceria à história grega.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Lago Vernica

Um lago localizado na fronteira entre Kosovo e a Albânia é considerado pelas autoridades locais um “portal da criminalidade”. É o Lago Vernica, por onde passariam, segundo análise do Balkan Insight, armas, drogas e peças de carros roubados de um país para o outro. E que devido à fragilidade da fiscalização no local, também poderia servir como ponto de atuação de grupos terroristas.


O tráfico acontece durante a noite, por meio de botes que transportam a mercadoria. De carro, seguem para a cidade de Prizren, de onde são distribuídas para seus destinos. As autoridades locais dizem que controlam a região do lago durante o dia, mas que não têm à disposição equipamentos suficientes para fazer o mesmo serviço no período noturno.


Um policial da área diz que o tráfico por meio do Lago Vernica não é uma exclusividade local. “Todos nós sabemos que o tráfego acontece livremente, mas isso está acontecendo em todo o Kosovo. Não é apenas uma falha da polícia, mas também das autoridades”. Em outro lago do Kosovo, o Gazivode (na fronteira com a Sérvia), a situação é semelhante, relata a matéria do Balkan Insight.

Em um país que ainda tenta ser visto como Estado pela comunidade internacional, com alto índice de desemprego e péssimos indicadores econômicos, são atividades como essas que acabam movimentando a frágil economia local. Um problema a mais para as autoridades locais e internacionais que atuam sobre o Kosovo – e não são poucas – resolverem.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Chacotas entre uns, animosidade entre outros

Recentemente falei sobre um bar situado entre a Croácia e a Eslovênia que refletia uma disputa territorial entre os dois países. A disputa agora está sob mediação da UE - onde, aliás, a Croácia deseja entrar, a contragosto de sua vizinha Eslovênia, que já chegou a sr até mesmo presidente do bloco.

Enquanto as discussões territoriais estão quentes no meio político, o mesmo não se pode dizer no âmbito popular. É inegável a existência de rivalidades entre os povos da antiga Iugoslávia, mas nm sempre é a animosidade entre eles que dá o tom da relação. Entre croatas e eslovenos mesmo, clima é muito mais de chacotas mútuas do que um nacionalismo exacerbado.

Leonarod Glavina, meu amigo que mora em Viena (Áustria) mas que vai com frequência a Zagreb, capital croata, é que traz um pouco desse lado. “Entre a população neo tem conflito mesmo, só piadas e discussões das duas partes. Mas nada que vá para a violência”. Algo até parecido com a relação existente entre brasileiros e argentinos, que só esquenta de verdade nos campos de futebol.

No entanto, essa “disputa” ganha outros contornos, bem mais violentos e tensos, quando em lados opostos estão sérvios e kosovares. Nesse caso não tem brincadeira menhuma, e o clima na região de fronteira é péssimo, refletindo assim a atual situação entre os dois países. E as circunstâncias não indicam que esse clima tenso vá passar tão cedo.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Ele quer autonomia. Conseguirá?

O assunto já foi tratado aqui neste blog anteriormente, mas a revista alemã Der Spiegel(traduzida para o UOL) traz uma nova matéria sobre a relação entre o atual presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, e seu padrinho político, o ex-presidente, antecessor e atual premiê russo Vladimir Putin.


Não é segredo para ninguém de que é Putin quem de fato nada na Rússia, e que Medvedev seria um mero testa-de-ferro. Mas o sucessor do novo "czar" russo dá sinais de que busca colocar marcas próprias em sua gestão. Sobre isso, a matéria da Spiegel já começa bastante realista - para azar do atual presidente.

Um ano após assumir o cargo, o histórico do presidente russo Dmitri Medvedev tem sido menos do que impressionante. O primeiro-ministro Vladimir Putin ainda segura as rédeas do poder enquanto seu antigo protegido luta sem sucesso para se liberta.

Entre méritos (que existem de fato) e fracassos na gestão Medvedev, o poder real na Rússia está com Putin, que conseguiu sair de espião mediano da antiga KGB para o cargo mais alto de seu país. Medvedev até pode implementar suas prórias marcas, mas a sombra de Putin, bem ou mal, sempre vai prevalecer.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Especualção imobiliária prejudica a Albânia

Não é só no Brasil em que a especulação imobiliária traz dor de cabeça. Mesmo em países considerados fechados ela dá um jeitinho de entrar, se estabelecer e atacar.

Este é o caso da Albânia, pequeno país dos Bálcãs. O vídeo abaixo relata o problema.



A prática desestimula o turismo no país, um dos mais pobres da Europa – e um dos mais isolados economicamente, em virtude de sua história durante a guerra Fria e o regime socialista que vigorou lá até 1990 – mais informações sobre a história albanesa serão abordadas em post futuro. Banhada pelo mar Adriático, a costa albanesa tem belas praias.

Outro estímulo para resolver essa questão é o fato de a Albânia ter manifestado oficialmente o desejo de ingressar na UE nos próximos anos, tentando desta forma romper o isolamento econômico ao qual esteve submetida.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

18 anos do fim dos "Trabis" na Alemanha Oriental

Há exatos dezoito anos saía de linha o Trabant, símbolo automobilístico da Alemanha Oriental. Lançado em 1957, ganhou apelidos um tanto quanto jocosos, como Porsche de plástico", "vela de ignição encoberta" e "caixa de corrida". Foi considerado durante um bom tempo o "pior carro do mundo".





A história desse carro, um patinho feio perto dos modelos produzidos pela então vizinha Alemanha Ocidental, é relembrada por matéria da Deutsche Welle.



O Trabant também já foi lembrado neste blog, no post que lembrou a saída de cena de outro modelo, o Yugo, na Sérvia, considerado um dos símbolos da industria iugoslava.



O Trabant era alvo de críticas de ambientalisas (considerado poluente demais) e ficava longe dos carrões ocidentais em conforto, aparência e desempenho. Mesmo assim, os "Trabis", como também são conhecidos, hoje são tratados como relíquias por colecionadores.

Estima-se que ainda hoje cerca de 200 mil Trabants circulem pela antiga Alemanha Oriental. Ao todo, 3 milhões de modelos foram produzidos entre 1957 e 1991.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Mensagem de prisioneiros é encontrada em Auschwitz

Uma descoberta no antigo campo de concentração e extermínio de Auschwitz, próximo a Cracóvia (sul da Polônia) dá nova munição a aqueles que clamam, com razão, para que o local seja preservado.

Matéria da Agência EFE relata que operários que trabalham em reformas no campo de concentração acham garrafa com mensagem escrita em 1944 por prisioneiros que estavam no local.


O assunto sobre a conservação de Auschwitz, que enfrenta graves problemas, já foi abordado anteriormente neste blog.

O mais novo achado no campo reforça a necessidade de preservar o local, como uma forma de relembrar as atrocidades cometidas pelo regime nazista. Estima-se que cerca de um milhão de pessoas – a maioria judeus – foram assassinadas em Auschwitz.

terça-feira, 21 de abril de 2009

“O processo do século”

Dentre tantas novelas e disputas em andamento nos Bálcãs, um delas foi chamada de “processo do século”. São as palavras do ministro das Relações Exteriores da Sérvia, Vuk Jeremić, sobre a já conhecida disputa entre Sérvia e Kosovo, que tenta defender sua independência – ainda não plenamente reconhecida internacionalmente – na Corte Internacional de Justiça. E que os sérvios tentam a todo custo anular.

Segundo notícias da B92, organização de mídia considerada indepedente na Sérvia, Jeremić diz que já tem a seu favor 30 países da comunidade internacional, dando destaque para China, Russia (aliada histórica dos sérvios), Brasil e Espanha . No Leste da Europa, aparecem Romênia e Eslováquia.

Pelo outro lado, Kosovo também conta com seus apoios – alguns deles de peso – pela comunidade internacional. A começar pelas principais forças da UE, como Alemanha, França e Inglaterra, além do único representante da ex-Iugoslávia no bloco, a Eslovênia. Os Estados Unidos completam o staff de apoio a Kosovo.

Como nenhuma das partes parece disposta a ceder, o impasse jurídico-internacional sobre Kosovo deve prosseguir. Mas uma coisa é certa. Pelas características culturais de sérvios e albaneses e pelas cicatrizes que uns carregam dos outros, é inimaginável que Sérvia e Kosovo voltem a fazer parte do mesmo país, pelo menos de forma pacífica. O que é, ao meu ver, um ponto a favor dos kosovares, que uma vez com a sensação de independência, podem até não ter a estrutura para um Estado funcionar, mas jamais aceitarão de novo ficar sob governo sérvio.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

“República da Macedônia do Norte?”

O governo da Grécia fez uma sugestão para acabar com o impasse em relação a sua vizinha, a Macedônia. Segundo o embaixador grego nos EUA, Alexandros Mallias, o país deve-se chamar “República da Macedônia do Norte”.

Os gregos seguem sem abrir mão do nome Macedônia, que consideram como parte de seu patrimõnio histórico e temeosos que o reconhecimento de seu vizinho do norte com o nome atual poderia levá-lo a reivindicar parte do norte do território grego, que também se chama Macedônia.

A matéria completa está no Balkan Insight, especializado em notícias sobre a região.

Agora, a pergunta que não quer calar: essa proposta, um tanto quanto indecorosa, vai pegar? Particularmente, duvido.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Tempo de decisão na Macedônia

Neste domingo, a Macedônia elegeu seu novo presidente, o candidato conservador Georgi Ivanov. O pleito é considerado chave para o futuro do país no cenário internacional, que almeja o ingresso na UE (união Europeia) e na Otan.

Para tanto, será necessária a resolução de outra pendência, que presegue o país desde sua independência, em 1991: a objeção grega quanto ao uso do nome Macedônia, que os gregos consideram parte exclusiva de seu patrimônio nacional.

Outro dado que cham a atenção na eleição foi a baixa participação da população, de 40,24% - é necessária a adesão de 40% do elitorado para o pleito valer. A explicação está no baixo comparecimento às urnas da minoria albanesa, que corresponde a um quarto da população da Macedônia, e se sente pouco representada no poder do país. A UE acompanhou de perto a votação no país candidato a ingressar no bloco.

A relação com essa minoria será de suma importância para o futuro do país no cenário internacional, tanto quanto a resolução de sua histórica pendência com a Grécia.

terça-feira, 31 de março de 2009

Em livro, escritor austríaco fala de enclave sérvio no Kosovo

"Nesta visita, ao contrário das vezes anteriores, a pretensão não era meramente a de estar lá, comemorar junto, olhar e ouvir. Algo me compelia a indagar extensivamente uma pessoa ou outra, avulsa, no Kosovo sérvio, de forma por assim dizer sistemática, no papel de um repórter ou – por mim! – no papel de um jornalista, e anotar as respectivas respostas. E isso eu queria fazer em um lugar onde eu já estivera antes, e não só uma vez, no enclave sérvio de Velika Hoča, ВЕΛИКА ХОЧА, uma vila no sul do Kosovo."

Isto é o que busca o escritor austríaco Peter Handke no livro "Die Kuckucke von Velika Hoča – Eine Nachschrift" (Os Cucos de Velika Hoča – Um Pós-Escrito), lançado neste mês na Alemanha - não há obras suas traduzidas para o português. A matéria abaixo, da Deutsche Welle, trata desta nova obra de Handke, cuja família é de origem eslovena.

http://www.dw-world.de/dw/article/0,,4114656,00.html

A temática dos Bálcãs é uma constante na obra de Handke, que já causou controvérsia pelas suas declarações anti-OTAN e a favor da Sérvia durante a Guerra do Kosovo, em 1999, quando criticou a política belicista da OTAN e os ataques a Belgrado.

Seu lado pró-Sérvia também fica evidente neste trecho da matéria: Ao enveredar numa caminhada pelos arredores albaneses, o caminhante é confrontado com o silêncio, sentindo falta de ruídos na paisagem. Não se ouvem nem mesmo os cucos onipresentes, notados pelo viajante imediatamente após sua chegada ao lugar. Uma imagem antípoda à "terra sonora", como Handke já descrevera a Sérvia. Ele também critica a "pretensa" neutralidade da mídia alemã, bastante ligada em assuntos relacionados com os Bálcãs.

segunda-feira, 30 de março de 2009

A "Guerra Fria" entre Rússia x Otan

O avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) sobre os países do antigo bloco chefiado pela União Soviética na Guerra Fria vem irritando os russos. E estes pelo jeito já tomam suas providências - sem é claro, toda aquela tensão que tomou conta da Europa na segunda metade do século XX.

Na seman passada, o presidente russo Dmitri Meedvedeev anunciou o reaparelhamento das Forças Armadas do país até 2011 para fazer frente ao crescimento da aliança militar ocidental, que sobreviveu ao fim da Guerra Fria. Em matéria da BBC Brasil de hoje (30/03), tema é retomado, desta vez enfatizando a intenção dos russos de consolidar sua influência sobre os vizinhos gastando bilhões em defesa.

http://noticias.uol.com.br/bbc/2009/03/30/ult36u46441.jhtm


E aí vai mais uma episódio nessa disputa. A Ucrânia – que há alguns anos vive às turras com os russos – é um dos países que pleiteia o ingresso na Otan. No entanto, a minoria russa que vive por lá não está gostando nem um pouco dessa aproximação Otan-Ucrânia. A foto abaixo mostra um protesto da minoria russa no momento da chegada de um dos navios da Otan no litoral ucraniano.


Outro país que sonha em ingressar na Otan é a Geórgia – a mesma que esteve em guerra contra a Rússia pelo controle das províncias rebeldes da Ossétia do Sul e da Abhkázia durante a Olimpíada de Pequim. A guerra, apesar de vencida pela Rússia nas armas, revelou deficiências do exército russo – problemas que devem ser alvo desse novo investimento em defesa anunciado pelo governo.

Por episódios como esse, dá para perceber que certos cacoetes da Guerra Fria, que acabou oficialmente em 1990, ainda continuam bem vivos no cenário geopolítico internacional. Apesar de não ser a mesma dos tempos da União Soviética e de estar sendo duramente afetada pela crise, a Rússia está bem longe de virar galiha morta na política internacional. É ainda um ator de peso nesse cenário e fará de tudo para manter esse status. Na diplomacia e nas armas, por mais que estas não sejam usadas - como não foram utilizadas até hoje as armas nucleares.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Quebradeira, crise e sombras sobre o Leste europeu

A crise também atinge com força os países do Leste europeu. Três governos já sucumbiram aos seus efeitos. Reportagem do jornal espanhol El País relatou o problema de forma bastante ampla (Abaixo, links para a matéria em espanhol e a versão traduzida para o português pelo UOL).

http://www.elpais.com/articulo/internacional/turbulencias/economia/hacen/caer/gobiernos/Europa/elpepuint/20090325elpepuint_12/Tes

ou

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2009/03/26/ult581u3128.jhtm

Em grande parte financiados por investimentos estrangeiros, potencializados com a entrada de alguns destes países na UE (União Europeia), a crise tem sido especialmente dura com os países do Leste, que devem grande parte de seu crescimento nos últimos anos ao ingresso na UE. Déficits públicos somados a vultuosas dívidas externas em euro, somadas à já costumeira instabilidade política desses países, são um prato cheio para um cenário de crise generalizada, com a economia estagnada de um lado e os protestos populares de outro – gerando sérios distúrbios sociais.

Governos de três países já caíram em virtude da crise econômica e de seus derivados políticos e sociais: Letônia, Hungria e, mais recentemente, da República Tcheca. Os dois primeiros, junto com a Romênia, já recorreram ao FMI para tentar obter algum alívio contra a escassez de crédito internacional e evitar um colapso econômico.

Outros países da região ainda conseguem enfrentar com relativa tranqüilidade a atual crise, como Polônia, Eslovênia, Eslováquia e até mesmo a República Tcheca, como mostra matéria da AFP abaixo:

http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5hpKbiWDfJvlftydO50GGZ0gcKtDw


O cenário atual dá margem para uma série de questionamentos. Teria sido um passo maior do que a perna para a UE aceitar o ingresso de dez novos países de uma vez (a maioria deles do Leste) em 2004, e da Bulgária e Romênia em 2007? Na Alemanha, já há a intenção de barrar a entrada de novos países na UE, o que desagrada as nações balcânicas – teoricamente, as próximas a se juntarem ao bloco.

Para os que ainda não entraram no bloco, como a Sérvia (que precisou de US$ 4 bilhões do FMI para reforçar o dinar, moeda nacional que já perdeu 25% de seu valor nos últimos meses), ainda vale a pena esse ingresso ou a atual crise é uma mostra de que o sonho acabou e que a UE não é o melhor caminho para os países do Leste?

Esse tipo de debate deve aparecer não apenas no Leste, mas também na Europa Ocidental, grande financiadora dos países do Leste europeu visando fortalecer suas economias e, consequentemente as suas próprias e do bloco como um todo. Mas com os parceiros do Leste sem ter como pagar as dívidas, os do Oeste não têm de quem receber. Ou seja: quem vai pagar as contas, quando e como?

Está formado um cenário que é difícil saber onde vai dar, mas que as conseqüências diretas e imediatas desse balde de água fria na economia europeia serão bastante duras. E não adiantará a adoção de uma fórmula mágica para todos. Para cada doente será uma receita médica diferente. E ao mesmo tempo em que cada qual terá que fazer por si para superar a crise, não será possível fazer de conta de que se vive em uma ilha e tentar fazer tudo sozinho. Aí está a globalização, para o bem e para o mal. E é com ela presente que todos os países do globo tentarão, cada um fazendo por si e em conjunto, superar a atual fase - mesmo que o atual modelo econômico se torne letra morta num futuro próximo, o que em tempos de crise geral como a atual, não chegaria a ser uma surpresa.

terça-feira, 24 de março de 2009

Bar reflete disputa territorial entre Croácia e Eslovênia

Os Bálcãs continuam a dar exemplos de fatos curiosos que na verdade significam muito mais do que aparentam em um primeiro momento. Acabam refletindo todo um contexto social, político e/ou econômico.

É assim na Taverna Kalin, situada entre as cidades de Obrezje, na Eslovênia, e Bregana, na Croácia, duas ex-repúblicas iugolsavas. A fronteira entre os dois países passa exatamente dentro do bar, que pintou no chão uma linha amarela demarcando os limites dos dois países dentro do estabelecimento para não haver confusão. Mas os ânimos estão exaltados entre croatas e eslovenos, e a reportagem do The New York Times (traduzida pelo UOL) conta essa história:

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2009/03/24/ult574u9247.jhtm







"Isto aqui são os Bálcãs, de forma que qualquer pedacinho de terra é importante", afirma Sasha Kalin, dono da taverna. E sua frase é reveladora da situação e das disputas não apenas entre os dois países, mas nos Bálcãs como um todo, já flagelados por sangrentas disputas de território entre os povos que habitam a região.


No caso de Croácia e Eslovênia, a disputa da vez é de uma área na Baía de Piran que inclui cerca de 21 quilômetros quadrados do Mar Adriático. A Croácia deseja que a fronteira seja traçada no meio da baía, mas a Eslovênia rejeita a ideia, afirmando que uma simples divisão impediria os seus navios de ter acesso direto ao alto mar. Diga-se de passagem, a Eslovênia possui um litoral quase ínfimo, enquanto os croatas herdaram grande parte da costa da antiga Iugoslávia - como pode ser vista nesse mapa abaixo:




Ambos fizeram parte do império Austro-Húngaro, que acabou com o fim da Primeira Guerra Mundial, e tem a religião católica como fé predominante. Apesar da série de conflitos que assolaram a antiga Iugoslávia, eslovenos e croatas nunca guerrearam entre si.

As semelhanças e pontos cordiais acabam aí. Os eslovenos desprezam os croatas, que consideram desrespeitadores da lei, preguiçosos e excessivamente nacionalistas. Já os croatas ridicularizam os eslovenos por seu pequeno território e consideram seus habitantes pretensiosos e desprovidos de senso de humor. O fato de a Eslovênia fazer parte da UE desde 2004 - bloco econômico que é objeto de desejo nos Bálcãs, inclusive da Croácia – dá uma apimentada na relação entre os dois países.

A exemplo de outras disputas nos Bálcãs, um acaba se tornando empecilho ao outro. No caso, as negociações para o ingresso da Croácia na UE foram paralisadas pela Eslovênia no fim do ano passado, e o mesmo corre o risco de ocorrer no ingresso croata na Otan – previsto para ocorrer em abril, junto com a Albânia. Tudo isso por causa da disputa litorânea entre os dois países, e nenhum deles dá entender que vai ceder alguma coisa ao outro lado. E em se tratando de Bálcãs, tudo pode acontecer. E qualquer incidente pode ter consequências supreendentes, para o bem e para o mal.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Liga regional de clubes dos Bálcãs

Clubes de futebol dos Bálcãs pensam em criar uma liga regional para reforçar os times dessa região, para que estes possam encarar os principais tomes da Europa de igual para igual. No vídeo abaixo (basta acessar o link) o presidente da UEFA, o ex-jogador francês Michel Platini, comenta a iniciativa.



Apesar de bons jogadores de grandes clubes da Europa terem nascido nos Bálcas - é comum um grande clube ter em seu plantel algum atleta nascido nessa região - isso não se reflete nos times desses países. No caso dos Bálcãs, o último clube a alcançar um título de expressão foi o Estrela Vermelha, de Belgrado (Sérvia), que conquistou a Liga dos Campeões em 1990, ainda como time iugoslavo.

Em 2008, o Zenit St. Petersburgo, da Rússia, conquistou a Copa da Uefa ao vencer o Glasgow Rangers (Escócia). Em 2005, outro time russo, o CSKA Moscow, também levou a taça do torneio ao bater o Sporting (Portugal). Ainda assim, os clubes do Leste Europeu ainda são considerados zebras perante os grandes times europeus.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Macedônia: O nome da discórdia

Até um nome pode virar motivo para discórdias no Bálcãs: é o que acontece na verdade entre Macedônia e Grécia.


Ex-república iugoslava, a Macedônia não teria esse nome se dependesse da sua vizinha, a Grécia. Isso porque há uma região no norte do país também chamada de Macedônia - para os gregos, reconhecer a antiga república iugoslava com o nome de Macedônia poderia levar o vizinho do norte a reivindicar o território hoje ocupado pela Grécia (que também se chama Macedônia) e que abriga uma de suas maioresa cidades, Salonica. Os gregos também argumentam que o nome Macedônia lhes pertence historicamente.



A objeção grega retardou o ingresso da antiga república iugoslava na ONU, que só ocorreu em 1996, quando esta adotou o nome - provisório e ilusório, na verdade - de “Antiga República Iugoslava da Macedônia” (FYROM). Na Otan, não teve choro, nem vela, e o veto permaneceu. Na prática, só a Grécia considera a Macedônia com tal nomenclatura.



A disputa entre os dois países já foi parar no Tribunal Penal Internacional, em Haia (Holanda), que julga crimes de guerra - um punhado deles, inclusive, cometidos por militares e governantes dos Bálcãs nos anos 90. Não foi tomada nenhuma decisão a respeito da disputa, mas a tendência é que a Macedônia faça valer sua vontade de ser reconhecida pelo nome que reivindica, para decepção dos gregos.



Ironia da história, foi pelas mãos da Macedônia que a cultura grega se espalhou por boa parte do mundo antigo, especialmente pelo antigo império persa e chegando quase às terras que hoje pertencem à Índia. No século IV a.C., sob o reinado de Filipe II, a Macedônia vence as cidades gregas e conquista a Grécia. Seu filho, Alexandre III, mais conhecido como Alexandre o Grande, terminou por levar a cultura grega a outros povos do mundo antigo. Após a morte de Alexandre, o reino teve momentos de crise e estabilidade até ser conquistado em definitivo pelos romanos em 146 a.C. Depois de Roma, passou pelas mãos dos eslavos, búlgaro, Império Bizantino e Otomano, antes de tornar-se parte da Iugoslávia em 1919. A independência só veio de fato em 1991 - e com forte oposição grega.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

A longa - e ainda inacabada - história da independência do Kosovo



Em 17 de fevereiro de 2009 o Kosovo completou um ano da sua declaração de independência. A decisão saiu após decisão unânime da Assembleia local.

O novo status da antiga província de maioria albanesa - que pertencia à Sérvia – ainda não tem pleno reconhecimento da comunidade internacional. Apenas 52 países já reconheceram o antigo território como Estado independente. Entre eles, grandes potências como EUA, França, Alemanha, Itália e Reino Unido. A grande maioria dos países, entre eles o Brasil, aguarda o reconhecimento por parte da ONU para também seguirem o mesmo caminho.

Já outros, como Espanha, Rússia e China, se juntam à Sérvia na negação completa de reconhecer o novo Estado. Em comum, essas nações enfrentam em seu território movimentos separatistas, e creem que reconhecer a independência kosovar pode abrir um precedente perigoso que os estimule. Na verdade, há muito mais em jogo - aspectos econômicos, políticos, históricos e também elementos subjetivos ligados à nacionalidade e identidade dos povos da região.


Histórico

As matérias que saem na grande mídia seguem ignorando fatores importantes relacionados à independência do Kosovo. O principal deles é entender de onde vem a fixação sérvia pela região, que possui raízes histórias profundas. Para comparar, em 2006 Montenegro se separou da Sérvia em plebiscito, acabando de vez com o que restava da antiga Iugoslávia, e a resistência apresentada pelos sérvios foi muito menor.

A explicação está na Batalha de Kosovo-Polje, em 28 de julho de 1389 (não confundir com a Guerra do Kosovo, ocorrida em 1999). Nela, o então império sérvio foi derrotado na região do Kosovo por outro império em franca expansão na época, o Otomano. Seguiram-se então quase cinco séculos até a retomada da independência sérvia, em 1875. Mas o Kosovo já estava ocupado majoritarimente por albaneses (representam 90% da população da região), apesar de estarem lá os principais santuários cristãos ortodoxos, religião predominante na Sérvia. Formalmente o Kosovo era parte da Sérvia, mas a realidade não apontava isso.

A crise da antiga Iugoslávia acirrou as divergências entre as repúblicas e povos que compunham o país, que buscavam maior autonomia ou mesmo a independência de fato. Nesse contexto, em 1989, o então presidente da República Sérvia da Iugoslávia, Slobodan Milosevic, faz um discurso conclamando o povo a lutar pela Grande Sérvia. Isso nada mais era que a alusão ao antigo Império Sérvio, derrtoado pelos Otomanos e que deveria ser retomado, exatamente no dia em que a fatídica batalha completava 600 anos. E essa luta começaria pela região considerada o "berço da cultura sérvia", exatamente o Kosovo. Há quem considere que esse discurso de Milosevic foi o começo do fim da Iugoslávia, que se desintegrou no decorrer da década de 1990.

Durante esse tempo, o Kosovo seguiu sua luta pela independência. Mas em 1998, as forças de Slobodan Milosevic, então presidente da Iugoslávia, buscou conter o furor separatista. A intervenção de Milosevic na região leva a Otan, liderada pelos EUA, a atacar a Iugoslávia no ano seguinte. Tinha início a Guerra do Kosovo, que durou três meses e o que mais fez foi destruir pontes em Belgrado, capital iugoslava. Ao final do conflito, o Kosovo continuou como província sérvia, mas sob administração da ONU. Milosevic morreu em Haia em 11 de março de 2006 enquanto aguardava julgamento pelas acusações de crimes de guerra – entre elas, a do Kosovo.

Nesse contexto, o Kosovo passou a desenvolver, mesmo que precariamente, suas próprias instituições democráticas, conquistando eleições livres para presidente e primeiro-ministro. No fim de 2007, o finlandês Martti Ahtisaari é incumbido pela ONU de elaborar um plano que tentasse resolver de vez a questão kosovar. Seu relatório final sugeria a independência do Kosovo, mas sob supervisão internacional. Foi com base nesse parecer de Ahtisaari que em 17 de fevereiro de 2008 a assembleia kosovar decide, por unanimidade, declarar de forma unilateral ,a independência da província frente à Sérvia.

Forças envolvidas

A Sérvia fala para quem quiser ouvir que não aceitará o Kosovo independente. E Belgrado tenta reincorporar a sua antiga província de diversas formas - mas sempre diz que não usará força militar. Há uma porção no norte do território - onde os sérvios são maioria e centrada especialmente na cidade de Mitrovica - que se recusa a seguir qualquer determinação que venha da caital kosovar, Pristina. Para eles, a capital do país em que vivem segue sendo Belgrado.

A Sérvia conta com o apoio especialmente de um aliado histórico, a Rússia - que, por meio da Sérvia, tenta ainda fazer valer sua influência sobre os países do antigo bloco antes comandado pela União Soviética. Os EUA, sabendo da importância estratégica da região (próxima do Oriente Médio e das regiões produtoras de petróleo do Cáucaso), também procuram colocar seus pés nos Bálcãs - a intervenção da Otan, capitaneada pelos EUA na Guerra do Kosovo, teria também como objetivo intimidar os sérvios (e indiretamente, os russos).

Coincidência ou não, é em um país da região, a Albânia (da mesma etnia que 90% do Kosovo) onde o ex-presidente dos EUA, George W. Bush, gozava de maior popularidade - Bush foi um dos que reconheceu a independência kosovar.

É da Albânia que vem uma outra força menor em jogo, mas que vale ser mencionada. É a "Vetvendosja" ("Autodeterminação"), que defende a união do Kosovo com a vizinha Albânia. Durante a Guerra do Kosovo, em 1999, or volta de 300 mil kosovares se refugiaram na Albânia. Apesar desse desejo secreto de alguns albaneses (que também sonham com uma "Grande Albânia"), a tendência é para o Kosovo seguir, mesmo que aos trancos e barrancos, como Estado independente.

Desafios futuros

Hoje, o Kosovo luta para sobreviver como um Estado. Ainda sem grande apoio da comunidade internacional (apesar de reconhecido por algumas das principais potências mundiais e incentivado pelas mesmas), o novo país luta para se desenvolver em um meio onde a corrupção e o nepotismo são práticas corriqueiras. As remessas de kosovares que vivem no exterior tem importância vital para a frágil economia nacional, que registra até 80% de desemprego em certas regiões do país. É considerado também ponto importante na rota do tráfico de drogas entre os países do Oriente Médio e a Europa. Especula-se também que tenha reservas de urânio em seu território.

Outro desafio será acertar os ponteiros com a Sérvia, tarefa bastante árdua. "A eleição na Sérvia de um governo mais favorável à Europa não muda nada em relação a Kosovo", afirma Olivier Ivanovic, secretário de estado do ministério sérvio para o Kosovo ao jornal Le Monde. "Me surpreende que os ocidentais não compreendam isso. [O presidente sérvio, Boris) Tadic ou [o ex-primeiro ministro sérvio Vojislav] Kustunica, pouco importa. Kosovo não é uma história encerrada para nós."

Historicamente, nunca foi um caso encerrado. E se depender dos nacionalistas sérvios (que devem ganhar força com a crise econômica tomando o mundo de assalto), ela está longe de terminar. E os Bálcãs assim ganham mais um capítulo em sua conturbada história.

Integrado à Servia ou não, o Kosovo jamais vai se submeter a Belgrado. E sua independência era algo inevitável, uma questão de tempo apenas. Agora como fato consumado, caberá à comunidade internacional não fechar os olhos a esse novo problema na região e cuidar para que não ocorram novos conflitos como os que assolaram a região nas últimas décadas.
Por trás da questão Sérvia-Kosovo está talvez o maior desafio dos Bálcãs: encontrar o equilíbrio entre a cooperação regional e a identidade de cada povo – sem que uma entre em choque com a outra. Enquanto isso, segue inacabada a história da independência do Kosovo.


Dados gerais sobre o Kosovo:

NOME: República do Kosovo (autoproclamada).
LOCALIZAÇÃO: Sudeste da Europa. Sem acesso ao mar, faz fronteira com Albânia e Macedônia (sul), Sérvia (norte) e Montenegro (oeste).
SUPERFÍCIE: 10.887 quilômetros quadrados.
POPULAÇÃO: 2,3 milhões de habitantes, com 65% de jovens.
COMPOSIÇÃO: Albaneses (90%); sérvios, montenegrinos, ciganos, turcos, bósnios e croatas (10%).
POPULAÇÃO URBANA: 35%.
CAPITAL: Pristina, com cerca de 500 mil habitantes.
PRESIDENTE: Fatmir Sejdiu (Liga Democrática do Kosovo, LDK).
PRIMEIRO-MINISTRO: Hashem Thaçi (Partido Democrático do Kosovo, KDP).
LEGISLATIVO: Assembléia do Kosovo, com 120 cadeiras - dez são reservadas para sérvios e outras dez para as minorias restantes.
ECONOMIA: A economia do Kosovo passa por grave crise. A situação não melhorou com o autoproclamado status do país. A taxa de desemprego chega em algumas regiões a 80%, e a corrupção e o nepotismo são fenômenos muito estendidos. A renda per capita kosovar é estimada em cerca de US$ 1.500 por ano. Muitas famílias locais sobrevivem graças a remessas enviadas por parentes que migraram para o exterior, sobretudo para Suíça e Alemanha.
SITUAÇÃO: Ocupando 15% do território da Sérvia, a província do Kosovo (sul) autoproclamou sua independência de Belgrado em 17 de fevereiro de 2008.
No link da Foreign Police, uma boa galeria de imagens:

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Em defesa de Auschwitz


O titulo deste post parece irônico a principio: um dos maiores símbolos da barbárie da 2ª Guerra Mundial, o antigo campo de concentração de Auschwitz-II-Birkenau, convertido 3em memorial aos mártires do Holocausto, próximo a Cracóvia (Polônia), corre risco de sumir. O motivo: falta de dinheiro.


Segundo matéria do Le Monde, traduzida pelo UOL, o Museu do Estado Auschwitz-Birkenau, que administra o campo, são necessários milhões de euros para as reformas mais urgentes, 120 milhões para o financiamento total da conservação. Se nada for feito, o local está simplesmente ameaçado de desaparecer. A matéria pode ser lida no link abaixo:



É imporantíssima a preservação de tal patrimônio, reconhecido inclusive pela Unesco. Ainda mais em tempos de crise econômica, onde a xenofobia ganha fôlego (e com ela certas ideias já veiculadas pelos nazistas).


A frase abaixo, gravada no memorial, resume sua importância para a história da humanidade:


"Que este lugar, onde os nazistas assassinaram um milhão e meio de homens, mulheres e crianças, a maioria judeus de vários países da Europa, seja para sempre um grito de desespero e um alerta para a humanidade".

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A novela russa

Ontem (19/02) a Justiça russa declarou inocentes os três suspeitos pela morte da jornalista Anna Politkovskaya (Sergei Khadzhikurbanov e dos dois irmãos tchetchenos Dzhabrail e Ibragim Makhmudov), assassinada a tiros na porta de sua casa, em outubro de 2006. Anna era conhecida por suas críticas ferrenhas ao governo russo de Vladimir Putin e especula-se que Kremlin tenha tido participação na morte da jornalista. Na época de sua morte, ela publicava no Novaya Gazeta, jornal onde trabalhava, reportagens com denúncias de corrupção no governo.

Mas eis que a novela ganha hoje (20/02) um novo capítulo. Um juiz reabriu o processo de investigação da morte de Anna. Para o juiz, já que os antigos suspeitos foram inocentados, a busca pelos verdadeiros culpados pela morte da jornalista deve proseguir.
Advogados da família de Politkovskaya afirmaram que os três homens eram apenas fantoches e que os verdadeiros assassinos - incluindo o suspeito de ter apertado o gatilho e quem quer que tenha ordenado a morte - estão a solta.

A morte de pessoas contrárias ao governo russo não é uma novidade no país. O caso de Anna é um dos mais famosos, mas não é raro aparecer notícias de outros jornalistas ou ativistas de Direitos Humanos morrendo na Rússia. Em comum, sua posição crítica ao governo. Ou seja, desconfiar do Estado russo nesses casos é uma associação quase lógica, automática.

A boa notícia nesse caso é que, para os que achavam que o caso da morte de Anna se encerraria com a absolvição dos três suspeitos, a reabertura do processo foi uma ducha de água gelada - como a dos mares russos - nos verdadeiros culpados. E seja eles quem forem, ligados ao governo ou não, devem ser punidos. E se isso ocorrer de fato, será muito saudável para a Rússia. E vai expor o que o atual estabilishment quer esconder - por um motivo ou outro.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

As cicatrizes da Bósnia

11 de julho. Este é o dia escolhido pelo Paralmento Europeu para relembrar o massacre de Srebrenica, durante a Guerra da Bósnia (1992-1995). Na ocasião, forças bósnio- sérvias mataram cerca de 8000 muçulmanos civis, e um dos erpisódios mais sangrentos da história recente da Europa, e o pior massacre no continente europeu após o Holocausto.Segundo a B92, o dia será um passo em direção à reconciliação da região dos Bálcãs com a Bósnia.

http://www.b92.net//eng/news/crimes-article.php?yyyy=2009&mm=01&dd=15&nav_id=56447

Ainda hoje a Bósnia carrega as cicatrizes da guerra que se seguiu após sua independência da antiga Iugoslávia. A Bósnia representa uma grande ferida aberta nos Bálcãs. Um dos comandantes do massacre, Radovan Karadžić, ex-líder politico dos bósnio-sérvios, foi capturado no fim de 2008 em Belgrado e atualmente responde por crimes de guerra no Tribunal de Haia, Holanda. Já Ratko Mladić, comandante militar da operação, ainda se encontra foragido, provavelmente na Sérvia, o que é motivo de pressão internacional sobre Belgrado, para que colabore na captura de Mladic – o governo sérvio é acusado de não dar a devida colaboração ou até mesmo de acobertar o ex-líder militar.

As cicatrizes também se fazem presentes na economia e na constituição política do país. A guerra dizimou a infra-estrutura bósnia, que ainda convive com outro problema: a pesada burocracia estatal. O motivo maior está no Acordo de Daytona, qûe pôs fim à guerra civil no país, e que criou duas regiões autônomas, a Federação Croata-Muçulmana e a República Sérvia. O resultado é um setor público inchado, presidido por mais de 160 ministros.Os moradores brincam que, se você for à rua Marshal Tito, no centro de Sarajevo, e gritar "ministro", 50 pessoas vão virar a cabeça."Esse exagero de membros do setor público está impedindo o crescimento", disse Irena Jankulov, economista do FMI de Sarajevo. Os desafios econômicos da Bósnia são tema desta matéria do Herald Tribune (traduzida para o português pelo portal UOL), que pode ser lida por meio do link abaixo:

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/herald/2009/02/04/ult2680u789.jhtm

A tensão existente entre as etnias que habitam o país, e que ficam explícitas pelas duas repúblicas autônomas já citadas que compõem a federação bósnia, são outro fator que aumenta o desafio de se constituir um ambiente propício para o crescimento do país. Há quem aposte que o crescimento econômico ajude na resolução dos problemas do país, se sobrepondo às diferenças étnicas. A atual crise econômica global torna-se mais um elemento a conspirar contra a Bósnia, nesse caso.

Ainda assim, segundo a reportagem do Herald Tribune, além dos problemas econômicos, a necessidade maior da Bósnia é de superar seu passado de guerras, genocídio e fragmentação. Para tanto, precisa reformar sua imagem, criar uma identidade verdadeiramente nacional, congregando não apenas os bósnio-muçulmanos, mas também croatas católicos e sérvios cristãos ortodoxos. Um desafio e tanto, ainda mais se pensarmos que a ideia de criar uma identiddade nacional em muitas vezes acaba associada a medidas xenófobas e o fato de a nação estar localizada nos Bálcãs, região instável historicamente em todos os sentidos.

Mas sobretudo, para encontrar essa sua identidade, a Bósnia precisa achar um ponto de equilíbrio para sua sociedade multiétnica. Caso consiga tal objetivo, certamente servirá como exemplo para toda a região. Se as grandes potências realmente desejam ver a estabilidade política e econômica reinar nos Bálcãs após tantos séculos, é fundamental ajudar a Bósnia nessa tarefa árdua, mas não impossível, de enfim superar as cicatrizes do país. Com auxílio à economia e punição aos responsáveis pelos genocídios que mataram mais de 100 mil pessoas na guerra que assolou o país na década passada. E com crise econômica global ou sem ela.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Sérvios e bósnios entram em confronto na Austrália

As tensões e sangrentas guerras que marcaram a separação de Croácia e Bósnia da então Iugoslávia na década de 1990 ainda encontram eco nos dias atuais. Prova disso foram os incidentes envolvendo bósnios, croatas e sérvios (outra antiga república iugoslava e país que herdou seu lugar na ONU e em outras entidades internacionais) no aberto de tênis da Austrália, um dos mais importantes do mundo. A matéria abaixo, distribuída pela agência EFE, relata o ocorrido durante uma das partidas do torneio.

http://noticias.bol.uol.com.br/esporte/2009/01/23/ult28u57520.jhtm

Os três países contam com bons atletas nesse esporte, com destaque para o sérvio Novak Djokovic, medalha de bronze em Pequim e que está entre os dez primeiros do ranking mundial da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais). Aliás, foi durante uma partida vencida por Djokovic (contra o bósnio Amer Delic) que ocorreu um dos incidentes na Austrália envolvendo torcedores dos dois países.

Confrontos entre torcedores desses países não chegam a ser uma novidade no mundo esportivo. Em 1990, quando ainda faziam parte da Iugoslávia, sérvios e croatas protagonizaram uma batalha campal no jogo entre o Estrela Vermelha (de Belgrado, Sérvia) e o Dinamo de Zagreb (croata). A briga entre esses dois povos que compunham a Iugoslávia foi considerada um prenúncio dos conflitos, maiores e mais sangrentos, que estavam por vir na região - e que culminaram com o desmembramento da Iugoslávia.

O tempo passou, mas as diferenças e o ódio mútuo continuaram. E pelo jeito ainda devem permanecer vivos por um bom tempo.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Arte da discórdia

A imagem abaixo está dando o que falar na Bulgária.


Matéria da BBC Brasil fala de uma exposição em Bruxelas, capital da Bélgica e sede da UE, mostra o país formado por latrinas turcas. A peça, de 16 metros quadrados e oito toneladas, encomendada autoridades da República Tcheca, que assumiu a Presidência rotativa da União Europeia, foi feita por David Cerny, conhecido nos meios artísticos checos por sua irreverência.

Na obra, o artista se aproveitou de esterotipos geralmente vinculados aos países da UE para representá-los. Seu objetivo era de "descobrir se a Europa consegue rir de si mesma".

Pelo menos no caso dos búlgaros, não foi bem isso que Cerny conseguiu... Sentindo-se ofendido, o governo búlgaro convocou o embaixador tcheco em Sófia, capital do país, para pedir explicações sobre a "irreverente" obra.


Outros países também receberam representações controversas na obra. A Romênia, por exemplo, é mostrada como um parque temático de Drácula; A Polônia, país de grande influência católica, é representada por um grupo de monges levantando a bandeira do arco-íris da comunidade gay.; e a Alemanha, como uma rede de estradas cuja disposição lembra --ainda que vagamente-- uma suástica quebrada (talvez a representação de maior mal gosto da exposição junto com a "latrina" búlgara.).

Pelo jeito, o tal artista desta vez foi longe demais...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Entre o gás e o átomo

A questão energética, desencadeada especialmente por causa da crise do gás na Europa tem sido um dos principais assuntos do continente. Especialmente dos países do Leste europeu, os mais afetados pelo desabastecimento.

A briga entre Rússia e Ucrânia, que não é nova, pode até ter uma trégua nos próximos dias, restabelecendo assim o fornecimento. Mas a troca de acusações continua, enquanto os europeus do leste continuam a sofrer com um dos invernos mais rigorosos dos últimos anos no continente.

Com parceiros que estão longe de inspirar confiança, alternativas já começam a ser procuradas. E uma delas é motivo de grande polêmica, já citada neste blog: a energia nuclear.

Que levanta a bola desta vez é a Eslováquia, que pretende reativar sua central nuclear devido à crise do gás, conforme noticia o site da alemã Deutsche Welle (texto em português). Mesmo sabendo da oposição da UE (grupo do qual a Eslováqua faz parte e que determinou que o país desativasse seus reatores caso realmente quisesse ingressar no bloco), os eslovacos mostram disposição em levar à frente a iniciativa.

Não será surpresa nenhuma se outras nações resolverem adotar a mesma medida - até porque outros países da UE, como Bélgica e França, são praticamente movidos energeticamente pelo átomo.

E é um debate que, com os problemas apresentados por Rússia e Ucrânia, tende a ser retomado. Além dos fatores ambientais quanto aos dejetos produzidos pelas centrais nucleares e os cuidados no manuseio do próprio material, há ainda na Europa o trauma do acidente de Chernobyl, ocorrido em abril de 1986. Se somarmos a tudo isso ainda a escassez de petróleo prevista para as próximas décadas, pode-se até dizer que a energia nuclear é um tema que, por mais espinhoso que seja, terá de deixar de ser um tabu. E o trauma de Chernobyl, superado.

Agora, o que não dá, definitivamente, é para a UE adotar pesos diferentes para a mesma medida, ao determinar a desativação de reatores nucleares dos países do Leste, enquanto no Oeste outros usufruem dessa mesma fonte de energia.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A 'tradicional' disputa pelo gás na Europa Oriental

Segundo a revista alemã Der Speigel, já viraram tradição de Ano Novo as desavenças entre Rússia e Ucrânia a respeito do fornecimento de gás ao continente europeu, grande dependente do suprimento enviado pelos russos.



Mas a tradicional disputa ganha novos contornos em 2009. Cinco países (Bulgária, Grécia, Turquia, Croácia e Macedônia) anunciaram hoje (06/01) que tiveram seus abastacimento totalmente interrompido. Áustria e Hungria também registraram drásticas reduções no fornecimento. A Rússia acusa a Ucrânia de desviar para si própria, através do gasoduto em seu território, parte do gás que deveria chegar aos demais países da Europa, além de afirmar que esta paga um valor abaixo do que deveria arcar. Já os ucranianos dizem que recebem pouco dos russos pelo papel que prepresentam na história, o de distribuidores do produto.


O caso da Bulgária é ainda pior, já que o país balcânico depende quase que inteiramente do gás russo (92% do total consumido pelo país vem da Rússia). Tudo isso durante o inverno europeu, que costuma ser bastante rigoroso e onde o gás tem papel fundamental na calefação das residências, uma das formas de enfrentar o período mais gelado do ano.


Por trás dessa queda de braço entre ucranianos e russos, que já começa a tirar o sono de outros países do continente, está um recado claro da Rússia a seu vizinho. Algo como "não coloque suas asinhas de fora porque somos maiores e mais fortes que você, e não hesitaremos em cortá-las". E a Ucrânia já deu vários sinais de que não está muito afim de andar na linha proposta por Moscou, que ainda vê a Ucrânia - a exemplo de outras ex-repúblicas soviéticas - dentro da sua esfera de influência.


A Rússia já mostrou que não costuma dar muita importância para os clamores da comunidade internacional, e dá suas demonstrações de força sem muito pudor. E também não é a primeira vez que os russos se utilizam das suas reservas de gás para objetivos que vão além das causas econômicas. Junte tudo isso com o fato de Rússia e Ucrânia terem sido duramente afetados pela atual crise financeira internacional. Ou seja, um ganho a mais com o gás faz um grande diferença para esses países. A Rússia já declarou, inclusive, que "a era do gás barato acabou".


Mesmo que o impasse se resolva logo, nada garante que ele não vá se repetir no inverno seguinte - como aliás vem acontecendo, reforçando a idéia de "tradição" que o Spiegel trouxe em sua análise. Sim, mais cedo ou mais tarde o fornecimento de gás será restabelecido para a Europa. Mas é preciso que a comunidade internacional adote uma posição mais clara a respeito do assunto, para que ele não continue a ser uma "tradição de Ano Novo". Enquanto isso, parte dos europeus vai tremer de frio.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Kosovo não tem futuro na Europa, diz presidente sérvio

Apesar de andar meio longe da mídia internacional, a questão do Kosovo continua forte nos Bálcãs. O presidente da Sérvia, Boris Tadić, não acredita que o novo país consiga sobreviver como Estado independente. Para ele, o Kosovo só irá crescer se voltar (ou continuar, na visão dos sérvios) a ser parte da Sérvia. A matéria completa pode ser lida na versão em inglês do site da B92, organização mídia considerada independente na Sérvia.

Tadic está certo quanto a falta de estrutura do Estado kosovar. Sem ajuda internacional, ele não se sustenta em pé por muito tempo. Mas há um detalhe fundamental, que é um dos grandes empecilhos para os sonhos sérvios. Os kosovares não toleram mais o governo de Belgrado e serem minoria na Sérvia. A independência do Kosovo era algo inevitável, que aconteceria de qualquer forma, a curto, médio ou longo prazo. E em fevereiro de 2007, bem ou mal, esse cenário tornou-se realidade. Inevitável e irreversível.

Está aí então mais uma difícil equação a ser resolvida pela comunidade internacional (qie ainda se encontra dividida em relação a independência kosovar) para não quebrar o já delicado equilíbrio dessa região, os Balcãs. O problema é que, provalvelmente essa questão será deixada para segundo plano, a não ser que ocorra algo excepcional por ali - um pequeno eufemismo para trágédia.