sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A 'Opep do gás'?

Matéria veiculada pelo portal da Deutsche Welle (que alguns costumam dizer que é a BBC alemã) fala da criação do Fórum dos Países Exportadores de Gás (GECF), com sede em Doha, capital do Qatar.

A matéria relata ainda que a UE e os EUA estão receosos com estados como Rússia, Irã e Venezuela se organizarem nos mesmos moldes que a Opep, que reúne os principais Estados produtores de petróleo no mundo.

A grnade incentivadora dessa empreitada é a Rússia, maior produtora de gás do planeta, terra da gigante estatal do setor, a Gazprom, e que fornece um quarto do gás consumido na Europa (em certos casos, como Alemanha, essa proporção chega a um terço). Recentemente, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, declarou que a “época do gás barato havia chegado ao fim”.

Só para refrescar a memória: não e de hoje que o gás russo dá sustos na comunidade européia e, principalmente, nas antigas repúblicas que formavam a União Soviética. Ucrânia, Bielo-Rússia e Geórgia são alguns dos países que já sentiram na pele a dependência energética por parte dos russos.

Especialmente em tempos de crise, é comum entidades e estados com interesse comuns atuarem de forma conjunta, para melhor lidarem com as dificuldades. E a iniciativa dos produtores de gás vai nessa direção. E cai como uma luva para as pretensões russas de ter um controle maior sobre esse recurso, fazendo frente a EUA e UE. É mais uma peça nesse complicado jogo internacional de estratégica político-econômica. Resquícios da Guerra Fria que ainda persistem no mundo de hoje.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Na Rússia, o Solidarnost

Um dos grandes nomes do xadrez em todos os tempos, não é de hoje que o russo Garry Kasparov se aventura na política. Seu mais novo lance foi a fundação de um novo partido, o Solidarnost (Solidariedade), que conta também com integrantes vindos de diversos grupos de oposição ao atual governo. O destino da nova agemiação é ‘desmantelar’ o regime de Putin, aliado político do atual presidente, Dmitri Medvedev – é bem verdade, quem manda de fato no país é Putin, como o faz desde sua ascenção ao pdoer, em 2000.

O nome do partido é uma alusão ao ‘Solidariedade’, fundado na Polônia por Lech Walesa em 1980 e que teve papel importante na luta contra o poder ‘comunista’ que vigorava no país até então. Em 1989, Walesa e seus correligionários chegaram ao poder na Polônia, e pelo jeito Kasparov deseja o mesmo.

Querer é uma coisa, conseguir é outra. O atual governo, continuação da gestão Putin, goza de grande popularidade. Opsitores ao regime são silenciados sem muita cerimônia. A Folha Online relata que o congresso do Solidarnost foi perturbado pela ação de alguns partidários do governo. Sob o comando de Putin, a Rússia recuperou parte do terreno que perdeu com o fim da União Soviética, o que dá ao ex-presidente e atual premiê um grande capital político. O problema é que ele é usado também para silenciar, muitas vezes de forma violenta, as vozes dissonantes, onde quer que estajam e quem sejam. Não é à toa que a Rússia é considerado um dos piores países para a prática do jornalismo – Anna Politkovskaya, morta em que o diga.


Kasparov, que se diz “otimista” com relação ao futuro, vai ter muito trabalho à frente do novo partido, já que a oposição ainda encontra-se bem enfraquecida. E será um trabalho, ao que parece até agora, que não verá muitos frutos em um curto prazo.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Em um buraco, parte da tradição cultural de um país: Estônia

Uma matéria do The New York Times (disponível em português para assinantes do UOL) mostra um local bem peculiar. É um buraco por onde sai água, conhecido como Poço da Bruxa, localizado em Tuhala, na Estônia. Toda vez que isso acontece, pessoas viajam grandes distâncias para vê-lo. Segue abaixo o link para a matéria, já traduzida, no UOL


http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2008/12/09/ult574u9015.jhtm





O poço não "entrava em erupção" havia três anos, e é explicado fisicamente pela localização da cidade. Embaixo dela, 15 rios subterrâneos fluem por um labirinto de cavernas, audíveis mas invisíveis para os habitantes humanos. Eles criam, entre outros efeitos, grandes sumidouros capazes de engolir até mesmo um cavalo. Os geólogos acreditam que após chuvas que causam inundação, a pressão da água subterrânea cresce a ponto da água esguichar para fora do solo, geralmente por alguns poucos dias.




A população, no entanto, tem outra explicação, e que evoca a tradição cultural desse pequeno país, ex-república soviética e admitido na UE em 2004. Apesar de a Estônia ser um dos países mais seculares do mundo - apenas 29% de seus cidadãos se declararam seguidores de uma religião em particular - é muito forte por lá a influência de crenças animistas - baseadas na Natureza.


Essas crenças antigas, que sobreviveram aos tempos na forma de contos folclóricos, representam uma forma de buscar a individualidade de um país que, ao longo de sua história foi forçado a adotar uma série de sistemas de crença, do catolicismo ao luteranismo, da ortodoxia russa ao ateísmo soviético. Durante este último período, especialmente (1940-1991), quando esteve vinculado à União Soviética, pouco ou nada se falava a respeito do Poço da Bruxa ou de elfos da floresta, bruxas, e outros seres imaginários.


E mesmo hoje, esse símbolo da cultura tradicional estoniana enfrenta obstáculos. O mais recente deles são os planos para extrair calcário de uam pedreira próxima ao local. O temor da população é que o projeto drene a água que corre misteriosamente sob Tuhala - e que jorra pelo Poço da Bruxa.


A julgar pela resistência de tais crenças mesmo com tantos séculos de adoção forçada de outros credos, o Poço da Bruxa e outros similares existentes em Tuhala e na Estônia, continuarão a existir.

domingo, 7 de dezembro de 2008

A encruzilhada energética do Leste europeu

Matéria da BBC Brasil relata que os países da Europa oriental rejeitam plano para reduzir emissão de poluentes. Ela pode ser acessada pelo link abaixo:



Grande parte da energia utilizada nos países do Leste europeu provêm de fones consideradas "sujas", como o carvão. Em tempos onde as consequências do aquecimento global se tornam cada vez mais evidentes e duras, há toda uma pressão sobre esses países, em especial os que hoje fazem parte da UE, para que tomem medidas de redução na emissão de poluentes. Mas a questão, como pode-ser ver, não é tão fácil assim.


Nesse meio, entra ainda outra grande polêmica quanto a outra matriz energética, que divide opiniões ao redor do mundo: a energia nuclear. Em especial desde o acidente na usina de Chernobyl (atual Ucrânia) em abril de 1986 (foto do reator abaixo), o tema é sinônimo de tabus em alguns países e de prosperidade em outros.


Mas mesmo aqueles países que haviam decidido desligar seus reatores resolveram retomar o debate sobre a energia atômica, cujos defensores sustentam que ela é polui menos o meio ambiente dos que as fontes tradicionais de energia, por produzir baixos níveis de CO2. Há nações que, lembrnado-se do trauma de Chernobyl, não querem nem ouvir falar em reatores, lixo atômico e o que fazer com ele. Enquanto isso, há nações como França e Bélgica que são, literalmente, movidos pelo átomo - dele vêm, por exemplo, 80% da energia produzida nesses paises.

Mas pelo leste a situação muda um pouco de figura. A maioria das usinas lá situadas não estão muito bem das pernas no que diz respeito à conservação e à modernização de suas instalações, lagumas delas consideradas fortes candidatas a uma "nova Chernobyl". E são paises igualmente - ou até mais - dependentes do átomo. A própria Ucrânia, palco do acidente de 1986, planeja construir mais 11 usinas até 2030, para não ficar à mercê do gás vindo da Rússia e de seus humores.

Cinco dos dez países que ingressaram na União Européia em 2004 – República Tcheca, Hungria, Lituânia, Eslováquia e Eslovênia – possuem reatores em operação. Sob protestos, a Bulgária foi obrigada a fechar dois reatores da era soviética como condição de ingresso na UE - o que já revela uma relação de dois pesos e duas medidas se comparada com a França.

Percebe-se aí um pouco do tamanho da encruzilhada em que vivem as nações da Europa Oriental. Sem reatores, são obrigados a recorrer, por exemplo, ao carvão - já conhecido como poluidor da atmosfera e um dos causadores do aquecimento global. Para ambas as formas, ambientaistas criticam, dizendo que não são viáveis e/ou limpas. E no caso da nuclear, aparece a duvida sobre o que e como fazer com o lixo atômico, tão perigoso quanto o produto em si, e sobre a qual não se chegou um consenso até agora.

Nesse momento, a diversificação das matrizes energéticas pode ser a grande saída, aliada ao constante investimento e atualização das fontes e das geradoras dessa energa. E creio que não sera possível fugir da usina nuclear, ou pelo menos de uma abordagem mais à fundo, despdida de preconceitos.

Debate esta aberto

sábado, 29 de novembro de 2008

“Não confie em ninguém, nem na gente” - O Caso da Rádio B92

A Rádio B92 surgiu em Belgrado (capital da Sérvia) em 15 de maio de 1989, dia do aniversário de Josif Broz Tito – herói nacional da então Iugoslávia e seu presidente entre 1945 e 1980, ano de sua morte – e com a permissão do Partido Comunista. Formada por estudantes, estava prevista para ficar no ar por 15 dias apenas. Após esse prazo, ela continuou no ar, mesmo na ilegalidade. E mais, existe até hoje, e não apenas como emissora de rádio, mas também na Web e na televisão.


Ela ficou conhecida internacionalmente por sua posição de contestação ao regime de Slobodan Milosevic, que dominava o cenário político na região na década de 1990. O jornalismo que produzia era crítico, ácido e opositor a Milosevic, ao contrário das demais emissoras, como a estatal RTS (Radio Televizija Srbije, hoje emissora pública do país). Sua programação musical era extremamente alternativa, calcada principalmente no Hip Hop e no Rock, em oposição ao “turbo folk” (um híbrido de pop-rock europeu de baixa qualidade com o folk sérvio), considerado “alienante” e que predominava nas demais emissoras.

Mas o mais curioso dessa rádio era seu antigo slogan, “não confie em ninguém, nem na gente”. Segundo Veran Matic, seu atual CEO e um dos fundadores da emissora, ele visava fazer a população pensar por si própria, e não se deixar levar única e simplesmente pelo que era noticiado pela mídia, seja ela qual fosse.

Assim, a rádio, grosso modo, ajudou a mostrar que a Iugoslávia, e mais especificamente a Sérvia, não eram a imagem e semelhança de seu tirânico governante. Suas idéias não apenas entre os jovens do underground sérvio, seu público-alvo imediato. Prova disso é que a emissora foi fechada quatro vezes entre os anos de 1991 e 2000, e sofreu intervenções estatais, como a substituição de todos os seus funcionários por jornalistas e burocratas do regime em um determinado período. A história da B92 está resumida no livro Rádio Guerrilha – Rock e Resistência em Belgrado, lançado no Brasil pela Editora Barracuda (abaixo, a capa do livro).


O regime de Milosevic caiu em 2000; a Iugoslávia não existe mais (se fragmentou em sete Estados, entre eles a Sérvia, atual país-sede da emissora), assim como o próprio Milosevic, que morreu em 2006 em Haia, enquanto era julgado por crimes de guerra. E a B92, antes uma rádio cujo sinal mal conseguia ultrapassar os limites de Belgrado, se tornou uma das maiores organizações de mídia dos Bálcãs.

Mas essa transição, que possibilitou seu crescimento, foi traumática e teve seu preço. Os críticos dizem que a B92, ao se abrir para o mercado, perdeu sua garra, característica; e que ainda mantém relevância graças ao capital simbólico que acumulou durante a era Milosevic. Agora, com funcionários que não estão lá por uma causa efetiva, a B92 teria se tornado apenas “mais uma” do mainstream. O antigo slogan, por exemplo, foi abolido para possibilitar essa expansão. Para sobreviver, durante os tempos de Milosevic, a B92 contou com ajuda externa de colaboradores ao redor do mundo, entre eles o megaespeculador húngaro George Soros. A programação da TV também abriu espaço para atrações como a versão local do Big Brother, que eram no mínimo inimagináveis para a B92.

Segundo o autor de Radio Guerrilha, o britânico Matthew Collin, e outras pessoas ouvidas por ele, a emissora continua com o seu jornalismo crítico e utiliza, como no início, o seu direito de liberdade de expressão. Mas o preço do crescimento seria, afim de expandir o público potencial da rádio e estender a mensagem que ate então estava restrita a um público específico, essa aproximação do mainstream. Hoje, a B92 é a terceira colocada em audiência nos Bálcãs, e seu site é o mais acessado da região. E ainda é considerada uma referência em abordagem crítica e independente na Sérvia. Um tamanho completamente inimaginável para seus fundadores, que vêem toda essa trajetória de uam forma bastante positiva.

Talvez o capital simbólico acumulado pela B92 tenha sido tão grande que tal “guinada” possa ser tolerada, desde que mantenham-se de fato os princípios de liberdade e independência que permearam a história da emissora. Ou ainda que as conquistas obtidas com essa abertura tenham compensado, de alguma forma, a moderação em sua postura. Afinal, apesar da Sérvia ainda viver sob certa instabilidade política, social e até mesmo geopolítica (em decorrência da questão que envolve a região do Kosovo), o contexto atual é diferente do vivido na década de 1990. Ou seja, a B92, na melhor das hipóteses (e em geral concordo com ela), estaria mais se adequando a esse novo contexto do que propriamente “enfiando a viola no saco”.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Yugo: ‘ćao, nema više’


Foi com essa frase de epígrafe (que significa “Adeus, até nunca mais” em sérvio) que saiu de fábrica em 20 de novembro a última unidade do Yugo (à direita), carro que foi, na década de 1980 , um dos símbolos da industria na antiga Iugoslávia.

O carro fez sucesso no fim dos anos 1980, chegando inclusive a ser exportado para os EUA. Seu baixo preço o tornava bastante atrente, mas as frequentes quebras tiravam essa vantagem inicial. Era consierado até agora o pior carro do mundo.



Parece que a indústria automobilística do Leste Europeu não é lá o seu ponto forte. Na Alemanha Oriental, um de seus modelos mais populares, o Trabant (à esquerda), foi outro a ficar marcado pelo estigma de não ser bom – e considerado ‘feio’. Barulhento e fumacento, foi produzido entre os anos de 1957 a 1991, quando saiu de linha. É considerado um símbolo da antiga Alemanha Oriental e de tudco oque ela representou. Estima-se que 200 mil dos ‘Trabis’, seu apelido carinhoso, ainda circulem por aí.

Para os brasileiros, o modelo talvez mais conhecido vindo do leste da europa é o Lada (à dreita). Lançado pela primeira vez em 1966, o carro também conquistou mercado devido ao seu baixo custo. Em 1990, chegou ao Brasil graças às medidas que escancararam a economia nacional para os artigos importados, entre eles, claro, os carros. O custo ajudou no começo, aliado à carreoceira funcional e o baixo consumo de combustível. Mas os cionsumidores reclaamvam quanto ao desempenho, acabemento e design do Lada. Em 1995, com nova tarifas de importação, o Lada saiu do país. Mas ainda hoje podem ser encontrados exemplares da família Lada (tanto o Laika, como o Samara) rodando por aí. Em países como Equador, Colômbia e Venezuela, ainda pode-se comprar Ladas 0km. Na Rússia, a família segue crescendo.

Na verdade, esses carros tinham sua razão em ser dessa forma. Nos países alinhados com a União Soviética e tidos como comunistas (se bem que o comunismo praticado nesses Estados passou longe do que deveria ser), o carro era visto como um mero meio de transporte, e não um artigo de consumo, de desejo. Daí o fato de não haver uma preocupação maior com o design e o acabamento dos modelos. Mas com o fim da guerra fria e o esfacelamento do regime soviético, esses modelos foram facilmente batidos pelos carros vindos da Europa Ocidental, Japão e Estados Unidos. Em alguns casos, como na Rússia, as antigas montadoras resistem. Pelo menos por enquanto, tiveram melhor sorte que o Trabant e o Yugo.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ahtisaari e relação conturbada entre Sérvia e Kosovo



Este homem é Martti Ahtisaari, ex-presdiente da Finlândia e condecorado com o Prêmio Nobel da Paz este ano. Diplomata, teve atuação destacada na solução de conflitos armados em várias partes do mundo.

A escolha foi aclamada internacionalmente. Mas teve um país em especial que não gostou nadinha do premio de Ahtisaari: a Sérvia.

Explicação: o finlandês foi o escolhido em 2006 pela ONU para fazer um relatório sobre a questão do Kosovo, então província separatista da Sérvia. No fim de 2007, Ahtisaari deu parecer favorável a uma “independência supervisionada” de Kosovo, o que desagradou os sérvios.

Tendo como base o relatório do diplomata finlandês, Kosovo declarou oficialmente a independência da Sérvia em 17 de fevereiro deste ano. O fato dividiu a comunidade internacional.

Ao todo, apenas 34 países reconheceram, até agora, o novo Estado. Entre eles, nações de peso no cenário internacional, como Estados Unidos, França e Alemanha. Já o clube dos que discordam da decisão conta com Espanha e, principalmente, a Rússia. O temor é que a secessão kosovar estimule outros movimentos separatistas na Europa (e ambos enfrentam grupos assim dentro de suas fronteiras). A maior parte da comunidade internacional - entre eles o Brasil - espera pelo posicionamento da ONU, que ainda não veio.


A raiz dessa história toda é bem antiga. Para os sérvios, o Kosovo é o berço de sua pátria, histórico e religioso. Foi nessa região que, em 1389, o então Império Sérvio, em expansão pela região, foi vencido e conquistado pelo Império Otomano. A Batalha de Kosovo-Polje, como ficou conhecida, foi vencida pelos otomanos, e os sérvios perderam a independência, recuperando-a somente em 1875. Mas não a região do Kosovo, que só voltaria às mãos dos sérvios após o fim da Primeira Guerra Mundial.Em 1989, o presidente da então República Sérvia da Iugoslávia, Slobodan Milosevic, aproveitando o 600º aniversário da Batalha de Kosovo-Polje, fez um discurso inflamado que acendeu o estopim do nacionalismo sérvio e conclamando-os a lutarem pela Grande Sérvia. Começava aí o fim da antiga Iugoslávia.


O mesmo Milosevic voltaria a investir contra a província em 1998, motivando a intervenção da Otan na Sérvia no ano seguinte. Com o fim da guerra, a ONU assumiu a direção da região, que ainda continuou ligada a Sérvia. É no Kosovo que estão localizados os principais santuários cristãos ortodoxos, religião predominante da Sérvia – apesar de 90% população da província ser de origem albanesa e de fé muçulmana. A Sérvia diz que jamais reconhecerá a independência kosovar, que considera um “Estado falso”.

Mas, a julgar pela direção que o assunto já tomava nos últimos vinte anos, desde o começo do fim da antiga Iugoslávia, era um acontecimento inevitável. E irreversível. Quanto à sobrevivência do novo Estado, a comunidade internacional que bancou seu nascimento é responsável direta por tal. Caso contrário, haverá mais instabilidade nos Bálcãs.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Putin, o novo czar da Rússua


O Parlamento Russo, conhecido como Duma, aprovou hoje, por 338 votos a 58, o projeto que eleva de quatro para seis anos o tempo do mandato presidencial no país.


É mais uma manobra de Vladimir Putin, ex-presidente do país e atual primeiro-ministro. Isso formalmente, pois desde que Boris Ieltsin deixou a presidência da Rússia, é como se o cargo virasse sinônimo de Putin. Mesmo não sendo o presidente propriamente dito, é Putin quem detém o poder de fato.


O atual presidente, Dmitri Medvedev,não passa de uma marionete nas mãos de Putin, que assumiu a presidência da Rússia com o afastamento de Ieltsin, em 1999. Teve um momento delicado em seu governo, quando ocorreu o acidente que matou os tripulantes do submarino Kursk, em 2000. Ainda inexperiente, Putin conseguiu, ao final do caso, tomar as rédeas da grande mídia nacional, aumentar a presença do Estado na economia e despertar um orgulho na maioria dos russos que não se via desde os tempos soviéticos.


Sustentado por esse apoio da soceidade, Putin - quando não pôde mais concorrer - indicou Medvedev para seu lugar. a 'transferência' de votos funcionou e agora o atual presidente age por Putin enquanto estiver no poder. E vai deixar caminho livre novamente para Putin, que segundo essa nmova lei, poderia disputar mais duas eleições, cada uma dando direito a um mandato de 6 anos (hoje são 5).


Putin mostrou que a Rússia pode até não ser a potência que dominou o leste europeu na segunda parte do século XX. Mas ela ainda conserva peso considerável em sua economia, história, política e geopolítica, e não hesita em utilizar isso contra quem se opor a seus interesses.


Que o digam as ex-repúblicas soviéticas - alguams delas já independentes, outras não - que sofrem a qualquer sinal de afronta ao poderio russo.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

90 anos do fim da Primeira Guerra Mundial - surgimento de novos países no Leste da Europa

Há 90 anos, em 1918 encerrava-se a Primeira Guerra Mundial, considerada até 1939 a grande guerra. Ela é considerada o marco de uma época, o verdadeiro começo do século XX, marcado pelas guerras.

A Primeira Guerra Mundial - cujos efeitos vão adubar o terreno para a que aconteceu vinte anos depois - foi o ponto culminante de décadas de tensão e disputas entre as grandes potências européias. Um desses focos de tensão era a região dos Bálcãs, recém saída do domínio otomano. Austríacos e russos disputavam a influência sobre os novos países - que também se engalfinhavam entre si - como Romênia, Bulgária, Sérvia e Montenegro.

O estopim do conflito foi acionado em 28 de junho de 1914, na cidade de Sarajvo, atual capital da Bósnia. Lá, o príncipe-herdeiro do Império Austro-Húngaro, Francisco Ferdinando, foi assassinado por um jovem estudante bósnio que integrava uma organização secreta, a Mão Negra, baseada na Sérvia. Na época, a atual Bósnia estava sob domínio austríaco desde 1908, frustrando a Sérvia, que tinha interesse na região - e recebia apoio da Rússia. Abaixo, ilustração da época que retrata o atentado ao príncipe.



Ao final da guerra, três grandes impérios caíram. A Áustria-Hungria foi desmembrada; a Rússia saiu antes do fim da guerra, envolta na Revolução Russa; sobre a Alemanha, recaiu grande parte da 'culpa' pelo conflito, o que teria graves consequencias vinte anos depois.


Da dissolução desses três grandes impérios, surgiram novos países no mapa europeu: Tchecoslováquia, Polônia, Lituânia, Hungria, Iugoslávia (que reuniria até o fim da década de 1990 povos como os sérvios, croatas. eslovenos e bósnios), entre outros. E que serão temas deste blog.


segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Breve relato sobre Bálcãs

É impossível não falar de Leste Europeu sem citar, em nenhum momento, a região dos Bálcãs, uma das mais instáveis do planeta. É uma verdadeira colcha de retalhos de etnias que nem sempre estão do mesmo lado na fronteira. E que também custam a se entender...

Só para se ter uma idéia, o termo balcanização, que significa fragmentação, é uma referência a essa região da Europa e surgiu graças à sua instabilidade.

Os Bálcãs já tem esse status de pomo da discórdia desde a Antiguidade. Estão situados em uma região estratégica, formando uma ponte com a atual Turquia e o Oriente Médio, formando a região dos estreitos que dá acesso ao Mar Negro. Três grandes impérios já mandaram por lá: Romano, Bizantino e Otomano. Mas a presença dos então povos eslavos (considerados bárbaros) sempre foi uma constante, seja atacando, seja buscando liberdade frente aos grandes impérios.

A atual geografia dos Bálcãs começou a ganhar rosto no final do século XIX, com o progressivo enfraquecimento do Império Otomano (atual Turquia). Aliados contra os otomanos, os povos balcânicos nunca se entenderam bem com relação às suas fronteiras, cada um com seus anseios expansionistas. Um território que hoje é da Bulgária já foi da Romênia, ou mesmo de Moldova, antiga república soviética. Ou então uma cidade que já foi da Iugoslávia e da Sérvia, atualmente está no território de Montenegro. E por aí vai.

A prova de que as fronteiras não são algo consolidado nesta região foi dada em fevereiro deste ano: a separação do Kosovo em relação a Sérvia, que ainda não foi reconhecida por boa paorte da comunidade internacional, mas tem o apoio do EUA.

Voltaremos outras vezes a falar dos Bálcãs. Este é só o começo. Também seria loucura tentar falar de tudo em um único post.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Apresentação

Quando se fala em Europa, o que em geral vêm à cabeça são países bem conhecidos na história e do cenário internacional: França, Inglaterram, Alemanha, Espanha, Itália... às vezes Portugal e Suíça.

O mesmo não ocorre com outros páises que fzem parte desse continente. Onde fica a Sérvia? E a Polônia, Hungria (talvez mais conhecida por casua do GP de F-1), Romênia. Aliás, a Iugoslávia ainda existe? Qual a diferernça entre Republica theca e Eslováquia? A União Soviética se transformou em 15 repúblicas e a Rússia voltou a adotar seu nome histórico

Tudo isso mostra que a Europa não se resume aos países ‘clássicos’. Os Estados do leste também possuem uma interessante – às vezes milenar – e conturbadíssima história. A Primeira Guerra Mundial começou lá, por exemplo. E até hoje ela é confusa, instável, ( e no caso do Bálcãs, um verdadeiro barril de pólvora bem debaixo do nariz da União Européia). Basta lembrar que nessa região, em 1995, ocorreu o maior genocídio na europa pós-Hitler, na cidade de Srebrenica, bósnia. Feriadas que ainda hoje não cicatrizaram por completo.

Trazer um pouco desse ‘Lado B’ da Europa será um dos objetivos deste novo blog, “Rumo ao Leste – o Lado B da Europa”. Histórias dos páises que compoem essa região do planeta, curiosidades, etc. Assim, a intenção é trazer uma maior luz para essa região do planeta próxima de um outro barril de pólvora geopolítico, o Oriente Médio.

Abrangência: países localizados entre a Alemanha e a Rússia (antigas repúblicas soviéticas também entram na roda).

Ah, e claro, colaborações externas serão sempre bem-vindas!